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Economia e Negócios

A combinação de medidas para fazer face aos impactos da covid-19 permitiu libertar "6.000 milhões de meticais (68,6 milhões de euros) para financiamento à economia”, anunciou ontem Rogério Zandamela, governador do Banco de Moçambique.

 

Aquele responsável falava na abertura da 45.ª reunião do Conselho Consultivo do Banco de Moçambique, que se realiza até sexta-feira no Chimoio, Manica, centro do país.

 

A conjugação da instabilidade militar no centro e norte com os efeitos da pandemia teve “efeitos devastadores” na atividade económica moçambicana, referiu.

 

“O ano prestes a findar foi marcado por um contexto político, económico, social interno e internacional bastante complexo, o que tornou o cumprimento da nossa missão particularmente desafiador”, disse Rogério Zandamela, governador do Banco de Moçambique.

 

O fraco desempenho e as restrições impostas para prevenir a propagação do novo coronavírus levaram o Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano a registar uma variação negativa no segundo trimestre de 3,25% e as exportações a reduzirem-se em 400 milhões de dólares (337,4 milhões de euros), realçou.

 

Zandamela disse que o BM teve de tomar medidas de política monetária inéditas para salvar a economia, nomeadamente com redução de custos de financiamento às famílias e empresas.

 

Mais de 2500 empresas beneficiaram de renegociação dos empréstimos os bancos, facilitada pelo regulador, que baixou a fasquia de depósitos que os bancos são obrigados a manter em moeda estrangeira junto do Banco de Moçambique.

 

O dirigente disse que para apoiar o processo de importação, como último recurso, o banco central introduziu de março a dezembro uma linha de crédito em moeda estrangeira, no valor de 500 milhões de dólares, contudo, com pouca adesão: até agora apenas 3,5 milhões foram solicitados

 

Rogério Zandamela justificou a fraca adesão com o facto de o mercado continuar suficientemente abastecido de divisas para os níveis atuais de procura de importações.

 

Apesar do contexto adverso, o governador fez uma avaliação positiva da atuação do Banco sob o seu próprio comando, por ter conseguido contribuir para a estabilidade macroeconómica e assegurado a estabilidade do sistema financeiro, além de promover a inclusão financeira.

 

"Foi assegurada uma inflação abaixo de 5%, suficientemente baixa e estável para proteger o poder de compra dos cidadãos, manter o nível confortável de reservas internacionais” e “foi consolidada a solidez e robustez do sistema bancário”, acrescentou.

 

Como ganhos o Banco de Moçambique destaca ainda a introdução do número único de identificação bancaria, o que vai tornar o sistema nacional de “pagamento moderno, robusto e seguro”. (Lusa)

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) revela ter registado, até ao terceiro trimestre de 2020, uma produção de energia de 11.602,31 GWh, correspondente a 2,3% acima do planeado para o período em análise, não obstante os efeitos adversos e severos da Covid-19 sobre a economia e sobre as empresas.

 

Em comunicado de imprensa, recebido na nossa Redacção, a HCB reporta ainda que durante os primeiros nove meses, a venda de energia fixou-se em cerca de 19 mil milhões de Meticais, 1,7% acima do planeado. Com esta realização, a empresa assegura continuar a implementar os seus projectos de melhoria na performance operacional, assegurar o cumprimento integral dos contratos com os colaboradores e clientes, honrar os compromissos com os fornecedores e os accionistas e pagando integral e pontualmente os impostos, taxas e dividendos.

 

“Permite, igualmente, à HCB prosseguir com a realização de iniciativas de responsabilidade social corporativa”, acrescenta a nota.

 

Mesmo com esses resultados, a HCB diz que continua determinada a alcançar a meta de produção anual de 14.938 GWh atenta ao contexto macroeconómico adverso, agravado por choques exógenos, incluindo os da propagação da Covid-19. (Carta)

Lançado na última quinta-feira, em Maputo, o Índice de Robustez Empresarial (IRE), elaborado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), revela que as empresas no geral estão a recuperar, mesmo ainda mergulhadas na crise do novo coronavírus (Covid-19).

 

Esta recuperação, fundamenta o documento, é justificada pelo aumento gradual das receitas do sector empresarial no terceiro trimestre, sendo que, face ao trimestre anterior, registou-se uma subida de 12.3%, isto é, de 12,148 Meticais, por unidade produtiva, para 13,645 Meticais, graças ao alívio de algumas restrições internas e de economias externas.

 

Sectorialmente, o IRE revela que a indústria figura como o sector com maior robustez empresarial, quando comparado com os outros sectores de actividade, tendo apresentado no primeiro semestre de 2020 um IRE de 0.69. A nossa fonte explica que tal se deve ao facto de o sector apresentar maior produtividade comparativamente aos outros, devido ao seu relativo nível de desenvolvimento e mecanização.

 

“Por outro lado, o sector com menor robustez é da Agricultura, devido aos diversos desafios que assolam os operadores deste sector. Olhando para a evolução do nível de robustez empresarial por sector, nota-se que, entre primeiro e segundo trimestres de 2020, para todos os sectores, o IRE reduziu consideravelmente devido aos impactos da Covid-19”, observou a análise da CTA.

 

No documento, os “homens de negócios” lamentam o facto de o sector da hotelaria e restauração ter registado uma redução de maior proporção, tendo ascendido a cerca de 60%, de 0.68 no primeiro trimestre para 0.23, no segundo trimestre, quando, em contrapartida, o sector industrial registou uma menor redução, em apenas 31%.

 

O IRE da CTA explica que a realidade acima exposta deve-se ao facto de que, apesar das medidas restritivas impostas pelo Governo para fazer face à Covid-19, grande parte da actividade produtiva industrial não foi interrompida, diferentemente do que sucedeu no sector da hotelaria e restauração, em que grande parte das empresas encerraram as suas actividades devido ao baixo nível procura, tendo, no caso dos hotéis, a taxa média de ocupação atingido 5%.

 

No entanto, realça o IRE da CTA, conforme se pode notar, no terceiro trimestre de 2020, todos os sectores apresentam uma ligeira recuperação face ao trimestre anterior devido à reabertura gradual das economias a nível internacional e o alívio de algumas restrições a nível doméstico. (Carta)

O Banco Nacional de Investimento (BNI) já desembolsou, para diferentes projectos eleitos, mais de 9.4 milhões de USD, no âmbito das duas linhas de financiamento para o apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas, severamente afectadas pela crise pandémica, revela o terceiro relatório do Ministério da Economia e Finanças (MEF), sobre o “Ponto de Situação dos Compromissos com os parceiros no âmbito da Covid-19: Posição de Outubro”.

 

Para atender às preocupações das empresas, o informe do MEF lembra que o BNI criou o Comité de Crédito Especial de avaliação e aprovação de propostas de projectos para financiamento no âmbito das duas linhas de crédito, uma no valor de 15 milhões de USD, financiado pelo Orçamento de Estado e outra no montante de 9 milhões de USD financiados por fundos do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).

 

Com base naqueles valores que totalizam 24 milhões de USD (verifica-se um aumento de verba na linha de crédito financiada pelo INSS), o MEF refere que o Comité de Crédito Especial aprovou 151 propostas de projectos de todo o país no valor de 18.9 milhões de USD, equivalente a cerca de 1.2 mil milhões de Meticais, ficando um remanescente por alocar (de ambas linhas) de cerca de 5 milhões de USD, equivalentes a 335 milhões de Meticais.

 

“Do montante das propostas aprovadas, mais de metade já foi desembolsado aos beneficiários”, lê-se no relatório. É com base nesta informação que se conclui que, até Outubro último, o BNI já financiou a diversos projectos eleitos em mais de 9.4 milhões de USD.

 

No informe, o MEF esclarece que as propostas aprovadas cujo valor ainda não foi desembolsado, o BNI está à espera dos próprios proponentes para apresentarem os documentos necessários à contratação.

 

Lembre-se, 925 empresas concorreram para obter apoio, no âmbito das linhas de financiamento em questão. Dessas firmas, infelizmente apenas 151 propostas (conforme referido) foram aprovadas. Desse universo, o sector do comércio destacou-se com 30%, seguido pela pecuária 22%, indústria, 8%, agricultura e educação, 6%, e turismo 4%. (Evaristo Chilingue)

Em Índice de Desempenho Empresarial, lançado esta quinta-feira (12), em Maputo, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) diz que a economia nacional está a reerguer-se, embora ainda mergulhada em crise pandémica. Para tal, o organismo aponta o relaxamento feito pelo Governo e pelos países com que Moçambique faz intercâmbio comercial.

 

Discursando momentos antes do lançamento, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, sumarizou o Índice realçando que o terceiro trimestre ficou marcado pela retoma gradual da actividade económica associada à reabertura das economias e relaxamento das restrições impostas no âmbito do combate à Covid-19.

 

“Esta tendência positiva reflecte-se no aumento gradual das receitas do sector empresarial no terceiro trimestre, sendo que, face ao trimestre anterior, registou uma subida de 12.3% [de 12,148 Meticais, por unidade produtiva, para 13,645 Meticais] o que culminou com o melhoramento dos rácios de desempenho das empresas”, afirmou Vuma.

 

Com o aumento de receitas verificadas, o Presidente da CTA disse que o Índice de robustez empresarial subiu ligeiramente, de 35% verificados no segundo trimestre, para 39% no terceiro trimestre de 2020, um cenário que sugere que, embora prevaleçam os desafios impostos pela pandemia da Covid-19, as empresas têm mostrado uma tendência de recuperação gradual.

 

“Quanto ao ambiente macroeconómico, apurou-se que a economia moçambicana ainda não conseguiu se recuperar do choque causado pela Covid-19, sendo que o índice do ambiente macroeconómico demonstrou uma redução no terceiro trimestre face ao segundo trimestre de 2020, passando de 26% para 25%. Esta redução deve-se, em parte, à contínua depreciação do Metical e à tímida subida da inflação que se assiste a partir do mês de Junho”, referiu o Presidente da CTA.

 

Ainda assim, Vuma destacou que, apesar daquela redução, nota-se uma relativa melhoria face ao trimestre anterior, visto que, no terceiro trimestre, a queda deste índice foi de apenas 1 ponto percentual, comparado com uma queda de 21 pontos percentuais verificados no segundo trimestre do ano.

 

Falando perante empresários, membros do Governo e não só, o Presidente da CTA reafirmou que a transição do Estado de Emergência para o Estado de Calamidade Pública prenunciou o início do processo de relaxamento e retoma gradual da actividade económica, o que tem vindo a afectar positivamente o desempenho do sector empresarial no último trimestre do ano.

 

Quanto às políticas de estímulo económico, o Índice realça que o terceiro trimestre do ano foi marcado pelo lançamento do programa “Sustenta”, com o fito de acelerar o desenvolvimento da agricultura com enfoque nas cadeias de valor e as linhas de financiamento do Banco Nacional de Investimento (BNI) para apoiar as empresas afectadas pela pandemia da Covid-19.

 

Perspectivas para o quarto trimestre

 

Em termos de prognóstico para o quarto último trimestre do ano, a CTA espera, a nível da política monetária, que o Banco de Moçambique aumente as taxas de juros da política monetária, devido à tendência de aumento do nível geral de preços que se espera para os últimos três meses do ano.

 

No que tange à política orçamental, a Confederação espera que a despesa pública aumente para compensar as despesas que foram suspensas nos primeiros dois trimestres do ano devido à Covid-19. (Evaristo Chilingue)

O Indicador do Clima Económico (ICE) prolongou a tendência decrescente que vem registando desde o primeiro trimestre de 2020, tendo o respectivo saldo atingido o nível mais baixo da respectiva série temporal, revela o boletim do Instituto Nacional de Estatística (INE), que analisa mensalmente a confiança e clima económico das empresas moçambicanas.

 

De acordo com o boletim do INE, esta conjuntura desfavorável deveu-se, tal como no segundo trimestre, à deterioração das expectativas de emprego e da procura que vem diminuindo pelo terceiro trimestre consecutivo. Todavia, observou a fonte, ao nível mensal, o indicador mostrou sinais de recuperação entre os meses de Agosto e Setembro, mas não em magnitude suficiente para inverter o seu sentido.

 

Se em Agosto obteve-se 76.6 pontos, o boletim mostra que, em Setembro, o indicador registou 78.1 pontos.

 

“Em termos sectoriais, a conjuntura desfavorável da economia no terceiro trimestre decorreu da apreciação negativa do indicador nos sectores de construção, de comércio e dos outros serviços não financeiros, suplantando assim os sectores de transportes, da produção industrial, bem como de alojamento, restauração e similares que registaram uma avaliação positiva no mesmo período em análise”, detalha o boletim.

 

Em termos de dificuldades, a autoridade estatística constatou que, em média, 61% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo no trimestre em análise, o que representou uma manutenção de empresas com limitação de actividade face ao trimestre anterior.

 

O INE explica que o aumento das empresas, que enfrentam desafios, foi influenciado pela diminuição da frequência relativa de empresas com constrangimentos nos sectores de alojamento e restauração (80%), dos outros serviços não financeiros (50%) e da construção (44%), facto equilibrado pelo aumento da proporção de empresas com limitação de actividade nos restantes sectores inquiridos.

 

O “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” é uma brochura sobre os resultados do inquérito de conjuntura realizado mensalmente pelo INE. Trata-se de uma compilação de opinião dos agentes económicos (gestores de empresas) acerca da evolução corrente da sua actividade e perspectivas a curto prazo, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade. (Carta)