O ministro dos Recursos Minerais e Energia disse ontem que a multinacional sul-africana Sasol “está obrigada” a criar emprego e oportunidades de negócios para as empresas moçambicanas nos seus projetos de gás natural em Moçambique.
“O Governo aprovou o plano de desenvolvimento do projeto [de produção de gás natural a iniciar em 2024] e uma das componentes em que a Sasol está obrigada a cumprir é o desenvolvimento do conteúdo local”, afirmou Max Tonela.
Tonela falava à comunicação social após a visita aos locais onde a petroquímica sul-africana está a abrir novos furos e a reabilitar outros antigos de extração de gás natural nas jazidas de Pande e Temane, província de Inhambane, sul de Moçambique.
No âmbito de um novo Acordo de Produção Partilhada com a Sasol, o executivo moçambicano quer que a empresa contrate mais mão-de-obra local e promova mais oportunidades para empresas moçambicanas.
“Acordámos que nos próximos três anos o nível de participação das empresas moçambicanas nas oportunidades criadas pela Sasol deve passar de 50% para 70%”, assinalou.
Por outro lado, a companhia abriu junto da banca nacional uma linha de crédito a favor das empresas que vão prestar bens e serviços ao novo projeto de desenvolvimento de gás natural na província de Inhambane, segundo a fonte.
A companhia, prosseguiu, vai igualmente intensificar a formação técnico-profissional da mão-de-obra local visando permitir que a juventude da província de Inhambane tenha acesso ao emprego.
Max Tonela avançou que o Governo e a Sasol começaram hoje reuniões regulares de monitorização do grau de observância dos compromissos que a empresa assumiu no âmbito do chamado “conteúdo local”, conceito que define mão-de-obra e oportunidades de negócios para os moçambicanos.
O governante considerou que um maior compromisso das multinacionais da indústria extrativa será um contributo importante para a mitigação de "tensões" entre as empresas e as comunidades residentes nas áreas de implantação dos megaprojetos.
“As populações reclamam um contributo mais direto e mais visível que o projeto deve deixar na zona de implantação”, assinalou.
Em julho deste ano, um grupo de jovens do distrito de Inhassoro, onde a Sasol atua, bloqueou a Estrada Nacional 1 (EN1) por algumas horas, em protesto contra a alegada exclusão das comunidades locais.
Os empreendimentos da Sasol em Moçambique vão alimentar a maior central térmica a construir no país com 450 megawatts, uma linha de transporte de energia elétrica entre Inhambane e Maputo com mais de 560 quilómetros e três subestações com um custo superior a 600 milhões de dólares (mais de 510 milhões de euros).
Max Tonela destacou que o projeto vai igualmente compreender a produção de gás de cozinha favorecendo novas relações entre empresas e cadeias de valor.
Na fase de construção, o novo empreendimento da Sasol vai empregar no pico 6.500 trabalhadores e na etapa de operação 714 empregos.
As obras de construção do novo projeto da Sasol em Inhambane vão terminar em 2024, devendo a produção de gás natural arrancar nesse ano.
A Sasol explorava reservas de gás desde 2004 em Temane e Pande com gasodutos para a África do Sul e Maputo, alimentando ainda a central elétrica moçambicana de Ressano Garcia, junto à capital e na fronteira com a África do Sul. (Lusa)