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quinta-feira, 18 março 2021 07:14

Banco de Moçambique mantém altas as taxas de juro de referência

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu, esta quarta-feira (17), manter altas as taxas de juro de referência do sistema financeiro nacional, mesmo que a medida seja largamente criticada por, de entre várias razões, encarecer o crédito às famílias e empresas nos bancos comerciais.

 

A manutenção incidiu sobre a Taxa de Juro de Política Monetária, vulgo taxa MIMO, em 13,25%. Num comunicado recebido na nossa redacção, o Banco de Moçambique justifica a decisão com a prevalência de elevados riscos e incertezas, não obstante a revisão em baixa das perspectivas de inflação no curto e médio prazo, a reflectir, em grande parte, os efeitos das medidas tomadas na sessão do CPMO de Janeiro de 2021.

 

O CPMO decidiu, igualmente, manter as taxas de juro da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) em 10,25% e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 16,25%, bem como os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 11,50% e 34,50%, respectivamente.

 

Durante a última reunião, o CPMO constatou que os riscos e incertezas associados às projecções de inflação mantêm-se elevados. Ao nível doméstico, o Banco Central destaca a incerteza quanto à evolução da propagação da Covid-19, os impactos das calamidades naturais e a prevalência da instabilidade militar, sobretudo, na zona norte do país. Na conjuntura externa, a nossa fonte realça a volatilidade dos preços das principais mercadorias de importação e exportação e a tendência para o fortalecimento do Dólar norte-americano.

 

O regulador do sistema financeiro nacional renova, em comunicado, a manutenção das  perspectivas de uma recuperação tímida da actividade económica em 2021, com a perspectiva de retoma da procura externa, em resultado do avanço nas vacinações, da adopção de pacotes de estímulo fiscal e do alívio progressivo das medidas impostas no âmbito da Covid-19. A nível doméstico, a instituição espera a retoma gradual do funcionamento da economia, em face da tendência para a contenção da propagação da Covid-19, num contexto de implementação de projectos na Bacia do Rovuma.

 

“Ainda assim, o CPMO considera pertinente o aprofundamento de reformas estruturantes na economia, visando o fortalecimento das instituições, a melhoria do ambiente de negócios, a atracção de investimentos e a criação de empregos”, sublinha o documento.

 

O Banco de Moçambique continua a alertar acerca da pressão sobre as finanças públicas, com a aquisição e logística de administração da vacina contra a Covid-19, a mitigação do impacto sócio-económico dos choques climáticos, bem como as despesas decorrentes da situação de instabilidade militar, sobretudo na zona norte do país. “Com efeito, desde o último CPMO, a dívida pública interna, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, aumentou de 183,8 mil milhões de meticais para 189,0 mil milhões de meticais”, sublinha o documento.

 

Por fim, o CPMO orgulha-se do facto de a pressão cambial ter reduzido substancialmente e o Metical apreciado face ao Dólar norte-americano (USD). Sublinha que desde o início de Março, a procura de divisas tem sido totalmente satisfeita, como resultado de uma maior fluidez que se observa no mercado cambial, contrariamente à tendência registada no princípio do ano.

 

"Com efeito, o Metical apreciou, situando-se em 73,35 MZN/USD, depois de 75,11 MZN/USD em finais de Janeiro último. Paralelamente, as reservas internacionais brutas mantêm-se em níveis confortáveis, situando-se em USD 3.987 milhões, suficientes para cobrir mais de seis meses de importações de bens e serviços”, refere o comunicado assinado pelo Governador do Banco Central, Rogério Zandamela. (Carta)

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