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terça-feira, 05 janeiro 2021 06:06

Moçambique evitou queda do PIB prevista e cresceu 0,2% em 2020 - Consultora IHS Marki

A economista da IHS Markit que segue Moçambique disse hoje à Lusa que melhorou as previsões económicas para o país no ano passado, prevendo um crescimento de 0,2% e não uma recessão de 2%.

 

"O PIB de Moçambique deverá ter crescido uns modestos 0,2% durante 2020, o que compara com a nossa estimativa anterior de uma contração de 2%", disse Thea Fourie em declarações à Lusa, nas quais explicou que a revisão prende-se com a evolução da atividade económica durante a primeira metade do ano.

 

"O crescimento económico excedeu as expectativas iniciais e caiu 0,8% durante a primeira metade do ano, melhor do que a previsão de queda de 2,2% de janeiro a junho", disse a analista, apontando que foi a agricultura que 'salvou' o país da recessão.

 

"As medidas de isolamento tomadas devido à covid-19 no final de março e as perturbações nas cadeias de abastecimento deixaram muitos setores sob pressão durante o segundo trimestre, mas a produção agrícola, que representa quase 30% do PIB e é dominada por agricultura de subsistência, permaneceu resiliente e cresceu 3% durante os primeiros seis meses de 2020", disse a analista.

 

Para além disso, acrescentou, a economia moçambicana deverá ter uns setores a crescer mais e outros a permanecerem em dificuldades: "Apesar de o crescimento geral no terceiro trimestre ter ficado aquém do potencial, a atividade nalguns setores da economia pode começar a recuperar, enquanto outros, como a agricultura, vão continuar resilientes", afirmou.

 

Questionada sobre a evolução das negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que foram interrompidas devido à pandemia e retomadas no final do ano, Thea Fourie disse que "a IHS Markit assume que as relações com Moçambique melhoraram desde 2019, quando o Governo aderiu aos pressupostos do Fundo, e garantiu o recomeço da assistência financeira", mas não deu por garantida a adoção de um programa de assistência financeira, como Moçambique tem defendido.

 

Certo é que o país já recebeu verbas do FMI: em 13 de abril, Moçambique beneficiou de apoio financeiro do Fundo de Alívio e Combate a Catástrofes, e também aderiu à Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI, na sigla em inglês), e ainda em abril o FMI desembolsou 309 milhões de dólares ao abrigo da Facilidade de Crédito Rápido.

 

"O défice orçamental em 2020 deverá ficar acima das estimativas iniciais de 10,4% e terminar o ano de 2021 nos 11,7%", considerou a analista, concluindo que "a despesa pública relacionada com o combate à covid-19 em conjunto com as crescentes necessidades humanitárias das pessoas desalojadas pelos terroristas na província de Cabo Delgado vão agravar o défice em 2020". (Lusa)

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