Dois anos depois de não ter publicado os Relatórios e Contas (de 2017 e 2018 que, pelo menos, não constam do seu site), a empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) decidiu brindar os moçambicanos com os resultados “optimistas” alcançados em 2019.
Dos “resultados optimistas”, a empresa destaca, em Relatório e Contas de 2019, a conclusão do ciclo de electrificação das 154 sedes distritais; aumento do número de clientes de 1.890.545, em 2018, para 2.052.780 em 2019; a realização de 165.511 novas ligações, 10% acima da meta anual, facto que aumentou em 2 pontos percentuais a Taxa de Electrificação do país, passando de 30% em 2018 para 32% em 2019.
Das realizações, a EDM realça também o aumento da energia total fornecida em 7%, passando de 6.615 GWh em 2018 para 7.089 GWh em 2019. “A energia total facturada, em 2019, foi de 5.517GWh, contra os 4.944GWh registados em 2018, o que representa um aumento de 12%; o volume de energia exportada aumentou em 51%, passando de 906GWh em 2018 para 1.373GWh em 2019; as perdas totais de energia situaram-se em 28%; os custos de energia e consumíveis para produção aumentaram em 18%, tendo passado de 23.341MMZN em 2018 para 25.521MMZN em 2019; os proveitos totais aumentaram em 27%, tendo passado de 31.145 MMZN em 2018 para 39.549MMZN em 2019; iniciada a elaboração do Plano de Negócio da EDM para o quinquénio 2020-2024; e lançado o Programa Energia para todos”, acrescenta o documento consultado pela “Carta”.
Num discurso eloquente e comovente, o ex-Presidente do Conselho de Administração da EDM, Aly Sicola Impija, afirma que 2019 foi um ano particularmente difícil, que exigiu por parte da EDM enormes sacrifícios, especial entrega e abnegação e, sobretudo, amor à camisola.
“Logo no segundo dia do ano, vimos a Linha Matambo - Chibata avariada na região de Báruè, em Catandica, na sequência de chuvas intensas, tendo as províncias de Manica e Sofala ficado às escuras. Não tinham passado muitos dias, o ciclone IDAI abateu-se intensamente sobre a região centro do nosso país, devastando e destruindo completa ou parcialmente as infra-estruturas eléctricas em Sofala, Manica, Tete e Zambézia. As lágrimas decorrentes desta inédita tragédia na nossa história ainda escorriam, um outro ciclone, o Kenneth, devastava Cabo Delgado!”, escreveu o antigo PCA.
Reconhecendo o “inconformismo, profissionalismo e heroísmo” dos trabalhadores, Impija sublinha que a EDM foi capaz de “devolver em período de tempo razoável a esperança, a luz e a vida aos rostos dos moçambicanos afectados!”
Para a reposição integral dos sistemas eléctricos danificados, o antigo homem-forte da EDM lembra que a empresa registou um prejuízo total na ordem de 24,5 milhões de USD, tendo sido 21 milhões de USD para o ciclone IDAI e 3,5 milhões de USD para o Kenneth.
“Entrementes, 2019, tendo sido um ano difícil, foi também um ano repleto de realizações que ficam como testemunhos da determinação da EDM em prosseguir um percurso que tem o sucesso e a excelência como objectivo final”, defendeu a fonte.
Para 2020 adiante, Impija desafiava-se a si e a todos os trabalhadores a continuar preocupados e redobrar energias para que as perdas, técnicas e não técnicas, se transformem em recursos aplicáveis a outras rubricas concorrentes para o desenvolvimento da empresa. A satisfação dos clientes pela qualidade do serviço prestado, incluindo o atendimento, era apontado como o “cerne da nossa criatividade”.
“Devemos ficar profundamente incomodados se não alcançamos as metas previstas. Devemos continuar a multiplicar esforços e sacrifícios para que mais moçambicanos tenham energia eléctrica em suas casas. Para que haja cada vez menos interrupções no fornecimento de energia eléctrica e para que os nossos clientes voltem a sentir-se satisfeitos e confiantes nos nossos serviços”, afirmou Impija, augurando junto dos demais trabalhadores da EDM materializar essas acções.
Todavia, eis que em meados do segundo mandato é afastado do cargo, tendo sido substituído por Marcelino Gildo, engenheiro e nos quadros da EDM desde 1993. (Evaristo Chilingue)