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quinta-feira, 14 maio 2020 07:14

Subsídio aos produtores de algodão: “Um marco histórico na política agrária e económica nacional” – diz Associação Algodoeira

Vinte e quatro horas depois de o Governo ter anunciado um subsídio de 240 milhões de Mts aos pequenos produtores de algodão, a Associação Algodoeira de Moçambique (AAM) veio, publicamente, congratular o Executivo pela decisão, argumentando que a mesma permitirá elevar o valor das compras do algodão-caroço, aos produtores, para cerca de 1.1 mil milhões de Mts, facto que “representa uma enorme ferramenta de desenvolvimento rural”.

 

Em conferência de imprensa, havida esta quarta-feira, o Presidente da Associação Algodoeira de Moçambique, Francisco Ferreira dos Santos, defendeu que o subsídio, de 6 Mts em relação ao preço que os comerciantes desejavam pagar por cada quilograma de algodão-caroço, é, sem dúvidas, “um marco histórico na política agrária e económica nacional e um sinal real e indiscutível da aposta séria do Governo na agricultura e na população rural”, pois, na sua óptica, não se trata de um subsídio ao consumo, mas “um subsídio à produção e às famílias produtoras”.

 

“No actual contexto de grande crise económica global, causada pela pandemia da Covid-19, em que o algodão tem sido um dos produtos agrícolas mais afectados, este subsídio vai, por um lado, proteger o rendimento de quase 1 milhão de pessoas do meio rural, que têm no algodão uma importante fonte de sustento, e, por outro, representa um claro incentivo à produção e produtividade na medida em que se consegue um aumento no preço do algodão-caroço face ao praticado na campanha anterior, que foi de 23,3 Mts/kg”, afirmou Dos Santos.

 

Lembre-se que o subsídio de 240 milhões de Mts foi anunciado pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, na passada terça-feira, no final da 16ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, 24 horas depois de a AAM, o Fórum Nacional de Produtores de Algodão (FONPA) e o Instituto de Algodão de Moçambique (IAM) terem divergido em torno do preço a ser praticado na campanha 2020/21.

 

Em reunião havida última segunda-feira, nas instalações do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, o FONPA defendia que o preço do algodão permanecesse nos actuais 23,3 Mts, porém, os compradores, representados pela AAM, garantiam que não iam pagar para além de 19 Mts. Assim, o Governo fixou o preço de 25 Mts por cada quilograma de algodão-caroço, mais 6 Mts que o preço proposto pela AAM e mais 2 Mts em relação ao praticado, actualmente.

 

Para a AAM, com o subsídio, o sector algodoeiro terá, na campanha de 2020/21, mais produtores, motivados e a produzir mais algodão, prevendo-se, por essa via, “um aumento no valor das exportações em pelo menos 12 milhões de dólares (mais de 3 vezes o valor do subsídio)”.

 

“O subsídio ao preço do algodão é também um reconhecimento à perseverança e resiliência de todo o subsector do algodão (produtores e empresas) que, em todos os momentos da história nacional, sempre se manteve firme, junto do Governo, acreditando sempre que a agricultura de Moçambique tem e terá um futuro próspero”, consideram os compradores do algodão, no país.

 

“A AAM está, neste momento, a discutir com as partes o mecanismo de implementação do subsídio, para garantir máxima segurança e transparência do processo, apelando-se à continuação do espírito de celeridade e urgência para que a comercialização inicie com brevidade”, garante a fonte, assegurando ainda que o sector algodoeiro tem estrutura, organização, estabilidade e maturidade suficientes para conseguir implementar um mecanismo de apoio adequado às famílias produtoras sem perdas e de uma forma directa, rápida e eficaz.

 

Refira-se que o Governo fixou o preço do algodão de segunda qualidade em 18 Mts, mais 1 Metical em relação ao praticado actualmente. O cultivo do algodão envolve 250 mil famílias, em todo o país, que produzem entre 40 a 50 mil toneladas por ano. (Carta)

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