O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou ontem que "uma recessão profunda" na Europa em 2020 é "inevitável", devido às graves consequências económicas da pandemia de covid-19. "Nas grandes economias europeias, os serviços não essenciais fechados por decreto governamental representam cerca de um terço da produção", explicou o diretor do FMI para a Europa, Poul Thomsen, num artigo no 'blog' da instituição.
"Isso significa que cada mês com estes serviços fechados traduz-se numa descida de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) anual", acrescentou, apontado o forte ritmo de propagação da covid-19 na Europa. Na zona euro em particular, Thomsen considerou que "a determinação dos dirigentes para fazerem o necessário para estabilizar o euro não deve ser subestimada", num momento em que surgem críticas sobre a incapacidade dos países europeus se mostrarem solidários nesta crise.
Para Thomsen, são "particularmente importantes" a intervenção "em larga escala" do Banco Central Europeu (BCE) e o "apelo lançado pelos dirigentes europeus para o Mecanismo Europeu de Estabilidade, que vem completar os esforços orçamentais nacionais". Isso poderá permitir "garantir que os países que têm uma dívida pública elevada", como por exemplo a Itália, particularmente afetada pela pandemia, "têm a margem manobra orçamental de que precisam para reagir energicamente à crise", apontou.
A "principal preocupação" do FMI, nesta fase, diz respeito a "pequenos países fora da União Europeia (UE)", explicou Poul Thomsen, que chefiou a missão da 'troika' em Portugal.
"Com exceção da Rússia e da Turquia, a maioria das nove economias emergentes da Europa Central e de Leste que não pertencem à UE já pediu assistência de emergência através dos mecanismos de apoio financeiro rápido do FMI", juntando-se a "mais de 70 outros países no mundo", indicou Poul Thomsen. (Lusa)