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quarta-feira, 04 março 2020 07:07

Banco Central prevê subida de preços de produtos importados da China

Jamal Omar Administrador do Banco de Moçambique

Em caso de prolongamento do novo coronavírus (Covid-19), o Banco Central antevê, a longo prazo, uma subida de preços no geral e, particularmente, de diversos produtos que o país importa da China, onde o referido vírus surgiu em Dezembro do ano passado.

 

Falando ontem, em Maputo, em seminário coorganizado pela Associação de Comércio e Indústria (ACIS) e pelo SPEED+, um projecto da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), o Administrador do Pelouro de Estabilidade Monetária, no Banco de Moçambique, Jamal Luís Omar, disse que a antevisão se justifica pelo facto de os bens importados da China terem um maior efeito na evolução dos preços domésticos.

 

De entre vários produtos, Omar destacou a subida de preço de materiais de construção e de vestuários, numa altura em que o nível de importações do país à China aproxima-se aos 12%.

 

“O maior produto que tem impacto directo no nosso cabaz do Índice de Preços no Consumidor é o material de construção. Parte significativa do material de construção vem da China. E outro produto que consta do nosso cabaz e que pode sofrer essa influência é o vestuário”, afirmou Omar.

 

Em caso de alastramento do Covid-19, o Administrador do Banco de Moçambique realçou que, para além da apreciação de preços de diversos produtos que o país importa da China, há ainda possibilidade de maior apreciação do Dólar norte-americano, facto que, em última análise, irá afectar o fortalecimento da moeda nacional.

 

“Com incertezas provocadas pela epidemia, os agentes económicos procuram moedas de refúgio, com destaque para o Dólar, o que irá impactar na depreciação do Metical”, disse Omar.

 

Enquanto orador principal do seminário que debatia sobre “Conjuntura e Perspectiva Macroeconómicas e Seu Impacto nas Empresas - Perspectivas para 2020”, o Administrador do Banco Central explicou que do impacto da epidemia (que não só afecta a China, mas também alguns países asiáticos, europeus, americanos e africanos), espera-se ainda a queda dos preços das principais mercadorias que o país exporta para aquele território.

 

De entre vários produtos, Omar apontou a queda de preços de minérios, algodão e madeira, o que poderá reduzir, de certa maneira, as receitas provenientes do total de exportações, onde a China comparticipa em cerca de 6%.

 

À margem do evento, o Administrador do Banco Central assegurou que, neste momento, os efeitos do coronavírus para o país ainda não são visíveis. Acrescentou que, apesar de a epidemia e demais riscos internos, como a insegurança e cheias, representarem um risco e incerteza para a economia nacional, a inflação do país a curto e médio prazo vai continuar em torno de um dígito.

 

Todavia, como medida de precaução dos referidos riscos à economia do país, o Presidente da ACIS, Luís Magaço, apelou aos empresários e investidores nacionais e estrangeiros a buscarem permanentemente informação sobre a evolução ou regressão daquele fenómeno, com vista a saber perspectivar o futuro. (Evaristo Chilingue)

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