Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) reúne-se hoje, em Maputo, com o ministro da Economia e Finanças e o governador do Banco de Moçambique para analisar o relacionamento com o país, anunciou o Governo.
A delegação do fundo, chefiada pelo diretor-geral adjunto Tao Zhang, é a primeira a visitar a nação lusófona após a tomada de posse do Presidente, Filipe Nyusi, para um segundo mandato e após a constituição do Governo - em que Adriano Maleiane, interlocutor já conhecido do fundo, continua à frente do Ministério da Economia e Finanças.
A última visita do FMI tinha acontecido em novembro e, na altura, o chefe de missão, Ricardo Velloso, manifestou abertura para a retoma de programas financeiros com o país.
"Se o Governo tiver interesse em conversas sobre um possível programa de apoio financeiro", o FMI está "aberto a esse pedido e a ter essas conversas", referiu.
O fundo suspendeu os apoios em 2016, devido ao escândalo das dívidas ocultas do Estado no valor de 2,2 mil milhões de dólares e às suspeitas de corrupção no caso, que está hoje sob alçada da justiça em Moçambique e no exterior.
Mais do que pelo volume de apoio, um novo programa financeiro com o FMI serviria como aval para Moçambique abrir portas a apoios adicionais de outros parceiros externos.
A possibilidade de retoma de apoios financeiros do FMI parece reforçada depois de alcançada em outubro a reestruturação dos títulos de dívida soberana – ‘eurobonds', correspondentes a cerca de um terço das dívidas ocultas.
Como resultado da reestruturação, a agência de 'rating' Fitch retirou Moçambique da lista de países em incumprimento financeiro, atribuindo-lhe uma notação de CCC, o terceiro pior nível de análise.
"Ainda não é muito bom, mas é bem melhor que [a classificação] anterior", referiu Ricardo Velloso na altura.
A reestruturação dos ‘eurobonds' permitiu melhorar os indicadores de sustentabilidade da dívida moçambicana e o FMI tem realçado a necessidade de o país continuar a cuidar desses indicadores, nomeadamente, apostando em "prudência fiscal" e em basear a dívida publica "em doações e créditos altamente concessionais, evitando o problema gerado no passado recente", concluiu.(Lusa)