O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), sociedade composta pelas empresas Vale Moçambique e Mitsui, não irá renovar em Janeiro próximo, o Contrato de Concessão de exploração comercial do serviço portuário do Porto de Nacala. Reunido ontem em Maputo, na sua 35ª sessão ordinária (a última do ano), o Conselho de Ministros determinou que, a vencer o contrato entre o Governo e o CDN, a gestão daquela infra-estrutura ficará a cargo da empresa pública Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM).
No entanto, os CFM mostram-se sem competência financeira para gerir o empreendimento. O Director de Administração e Finanças, Carlos Macamo, disse, em entrevista recente à “Carta”, que os CFM tinham recursos humanos suficientes e competentes para fazer a gestão da infra-estrutura. “Aliás, antes de se concessionar a privados, os CFM é que geriam o Porto de Nacala”, lembrou.
Porém, uma infra-estrutura daquela natureza não necessita apenas de recursos humanos para funcionar, mas também e sobretudo de recursos financeiros. Sobre estes, o gestor mostrou reservas, olhando para o actual estado económico-financeiro da empresa.
É que de acordo com o Relatório e Contas referente ao ano passado, (publicado há dias), os activos dos CFM caíram, ao passar de 52.3 biliões de Meticais (Mts) em 2017, para 49.9 biliões de Mts em 2018. O lucro da empresa também decresceu (60 por cento) em 2018, ao situar-se em 1,59 bilião de Mts, contra os 3,96 biliões de Mts registados em 2017.
Face ao actual estado económico-financeiro dos CFM, Macamo avançou que, em caso de indicação para gerir, a empresa recorreria a empréstimos bancários para suprir a deficiência financeira. No entanto, sublinhou que as acções (como por exemplo recorrer à banca) para a gestão da infra-estrutura, só iriam começar se a autoridade concedente (o Governo através do Ministério dos Transportes e Comunicações) indigitar os CFM para o efeito.
Localizado na província de Nampula, o Porto de Nacala foi aberto ao tráfego em Outubro de 1951. Para além da zona norte, a infra-estrutura serve também aos países do “hinterland”. Dados dos CFM indicam que o porto conta, neste momento, com um terminal de carga geral capacitado para manusear dois milhões de toneladas por ano. (Evaristo Chilingue)