A Frontier Services Group Ltd., empresa de Hong Kong fundada por Erik Prince, decidiu encerrar uma “joint venture” de logística com a companhia nacional de petróleo de Moçambique, a ENH, mesmo quando o país se prepara para receber cerca de 60 bilhões de USD em investimentos em projetos de exportação de gás natural.
Os accionistas maioritários chineses da FSG decidiram retirar-se da parceria que se chamava ENHL/Frontier Service Group Lda., disse Omar Mithá, presidente da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), falando ontem a jornalistas, em Maputo. O FSG ainda não comunicou formalmente a decisão, disse ele.
A empresa não respondeu imediatamente a um e-mail, pedindo comentários. "A parceria não existe mais, mas foi uma decisão deles", disse Mitha. "Eles não estão mais interessados no negócio. Nós estamos bem com isso".
Prince, que fundou e vendeu a empresa militar privada Blackwater Worldwide, que ganhou centenas de milhões de USD em contratos com o governo dos EUA durante as guerras no Iraque e no Afeganistão, também tinha uma “joint venture” de pesca com a Ematum SA, que enfrentou atrasos.
Aquele investidor americano também planejava fornecer serviços de segurança no país do sudeste africano, disse ele a repórteres em 2017. Com a ENH, o FSG tencionava essencialmente fornecer serviços de logística.
Mas em Moçambique, Prince já estava envolvido em assuntos de segurança, nomeadamente no contexto da insurgência em Cabo Delgado, tendo sido suplantado pela Rússia na cooperação com o Governo. Em Outubro foi reportado que o Frontier Services Group retirara os helicópteros que havia colocado em Cabo Delgado, para compensar as deficiências do exército moçambicano na luta contra os insurgentes.
Essa acção foi forçada, uma vez que o Presidente da República, Filipe Nyusi havia simplesmente se recusado a pagar ao fundador americano da empresa anteriormente conhecida como Blackwater. A retirada seguiu-se à assinatura de acordos de cooperação Nyusi e Vladimir Putin, em 22 de Agosto, que abriram caminho à chegada de equipamento militar e mercenários russos a Moçambique.
De 24 a 26 de Setembro, um Antonov An-124, pertencente à empresa militar estatal russa 224 Flight Unit, entregou drones (num aeroporto de Nampula) e um helicóptero Mi-17 equipado para operações de vigilância que também podem ser armadas. Este apoio russo, que é mais substancial e mais barato, levou Erik Prince a sair de Cabo Delgado e, eventualmente, de todos os “trabalhos” no sector de segurança na região. Agora, sabe-se que ele esta deixando a “ventura” logística. Fica por saber se também vai abandonar as acções que detém na Tunamar, que administra os navios Interceptor. (Bloomberg, com Carta)