A Chevron anunciou, esta quinta-feira, que desistiu de comprar a Anadarko, o que abre caminho à Occidental para adquirir esta petrolífera e vender os activos de África, que incluem a exploração de gás natural em Moçambique, à francesa Total.
“Ganhar em qualquer ambiente não significa ganhar a qualquer custo; o preço e a disciplina financeira importam sempre e nós não vamos diluir os nossos lucros ou retirar valor aos nossos acionistas só para fazer um acordo", argumentou o presidente da Chevron, Michael Wirth, em comunicado.
"O nosso portefólio está a alimentar um crescimento robusto da produção e do fluxo de caixa, bem como maiores lucros sobre o investimento e menores riscos na execução dos projetos; estamos bem posicionados para criar e distribuir mais valor aos acionistas", acrescentou o gestor.
Com esta decisão, a Chevron anula o prazo de quatro dias, a terminar na sexta-feira, para melhorar a oferta de 33 mil milhões de dólares (29,3 mil milhões de euros) pela petrolífera Anadarko, que tinha a concorrência da Occidental, que numa segunda versão apresentou um preço superior e um aumento na remuneração dos acionistas.
"Não vamos fazer uma contraproposta e vamos depois o período de quatro dias expirar", lê-se no comunicado colocado no site da Chevron, no qual se acrescenta que "a Chevron antecipa que a Anadarko vá terminar o 'Acordo de Fusão'", ao abrigo do qual a Anadarko terá de pagar mil milhões de dólares à Chevron.
A saída da Chevron deixa o caminho aberto para a Occidental ver a sua proposta de 38 mil milhões de dólares (33,7 mil milhões de euros) ser aceite pelos acionistas da Anadarko, que verão a sua empresa duplicar a produção diária de barris, para 1,3 milhões, a par de países como Angola ou a Líbia.
As ações da Chevron subiram 3,2% para 121,26 dólares na abertura do mercado em Nova Iorque, Estados Unidos da América, ao passo que as da Occidental caíram 5,8% para 56,72 e as da Anadarko desvalorizaram-se 2,6%, para 73,90 dólares.
Desde o início do “leilão” entre a Occidental e a Chevron, pelo controlo da Anadarko, que a Occidental, liderada por Vicky Hollub, era vista como a empresa mais frágil, nomeadamente em termos de robustez financeira.
A entrada de Warren Buffett em cena, aportando 10 mil milhões de dólares (8,8 mil milhões de euros) à petrolífera, e o anúncio do acordo com a Total para a venda de todos os ativos da Andarko em África, para além do aumento da remuneração dos acionistas, aumentando a entrega em dinheiro de 50% para 78% do total do acordo, terão sido decisivos para o recuo da Chevron, no seguimento das declarações da direção da Anadarko a favor da Occidental.
A notícia do recuo da Chevron surge no dia seguinte à divulgação da data para a Decisão Final de Investimento (DFI) por parte da Anadarko, relativamente à exploração de gás natural no norte de Moçambique. A DFI será anunciada a 18 de Junho próximo.
Além da Anadarko, que lidera o consórcio com 26,5%, o grupo que explora a Área 1 é constituído pela japonesa Mitsui (20%), a indiana ONGC (16%), a petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores a outras duas companhias indianas, Oil India Limited (4%) e Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%). (DN.PT)