A Cidade de Maputo observou, esta segunda-feira, 21 de Outubro de 2024, uma greve geral, convocada pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto contra os resultados das eleições de 09 de Outubro e em repúdio ao assassinato dos mandatários do candidato e do PODEMOS, Elvino Dias e Paulo Guambe, respectivamente, ocorrido na passada sexta-feira.
E logo cedo, foi possível notar o ambiente tenso que tinha tomado conta da capital do país. Contrariamente ao frenesim característico dos dias laborais, sobretudo às segundas-feiras, a Cidade de Maputo encontrava-se, ontem, às moscas, com as ruas desertas e com escolas, mercados, lojas, supermercados, entre outras instituições públicas e privadas encerradas. Algumas instituições até comunicaram, no domingo, o encerramento, mas outras optaram por fazê-lo “clandestinamente”.
“Carta” percorreu as avenidas de Moçambique, Acordos de Lusaka, FPLM, Julius Nyerere e Lurdes Mutola para medir o pulsar da cidade no primeiro dia de trabalho e testemunhou um “recolher obrigatório” em toda a capital. Os terminais do Zimpeto, Albasine, da Praça dos Trabalhadores, do Museu e da Praça dos Combatentes estavam vazios, contrariando as enchentes que os caracterizam todos os dias.
O congestionamento, que é marca indelével da capital do país, deu lugar ao tráfego rápido em todas as estradas e os passeios e bermas de Maputo, habitualmente ocupados por vendedores informais, encontravam-se também abandonados. Aliás, o Chefe de Estado não precisou de sirenes ontem para se deslocar do Palácio da Ponta Vermelha à Base Aérea de Mavalane, pois, não havia quaisquer obstáculos na estrada.
O impacto da greve convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, na passada quarta-feira, e reafirmada no sábado, sentiu-se também nos mercados do Zimpeto, Benfica, Malanga, Mandela, Xiquelene e Xipamanine, que também estiveram fechados. Afectou ainda os serviços financeiros e o sector de restauração, com os bancos, bares e restaurantes a fecharem as portas.
A greve afectou também alguns centros de saúde, que tiveram de encerrar os serviços não essenciais devido, por um lado, à ausência massiva de profissionais de saúde e, por outro, à pouca afluência dos utentes. Cenário idêntico foi reportado nos municípios da Matola, Marracuene e Boane, na província de Maputo, onde as pessoas decidiram refugiar-se nas suas casas por temer violência, que acabou caraterizando toda a segunda-feira.
Em sentido contrário, as diversas especialidades da Polícia da República de Moçambique (com destaque para a Unidade de Intervenção Rápida, Unidade Canina e Polícia de Protecção) e agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) tomaram de controlo as ruas, praças e principais locais de aglomeração de pessoas, munidos de armas de fogo, cães e gás lacrimogéneo.
Sublinhar que, para além dos caos registados de violência registados nas Praças dos Heróis, da OMM e dos Combatentes e nas Avenidas Vladimir Lenine, Acordos de Lusaka, Joaquim Chissano, Milagre Mabote, da Malhangalene e Rua da Resistência e nos bairros de Mafalala, Maxaquene, Urbanização e Polana-Caniço, a Cidade de Maputo esteve tranquila, apenas com casos isolados de queima de pneus. (A. Maolela)