O Banco de Moçambique lançou oficialmente, esta segunda-feira, a nova plataforma da solução de pagamentos electrónicos fornecida pela norte-americana Euronet, na Rede Única Nacional de Pagamentos Electrónicos, gerida pela Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO). O funcionamento da nova plataforma tem sido marcado nos últimos meses por constantes “bugs” em ATMs e POS. Esses terminais têm andado sem sistema.
Há casos em que, mesmo com sistema, depois da transação, o utente não consegue levantar o dinheiro, mas é debitado. Em transações via POS, a não digitação do PIN por causa da nova tecnologia Contactless nos novos cartões tem também criado insegurança nos utentes, que não recebem as devidas explicações do funcionamento dos novos cartões por parte dos bancos.
Apesar desses relatos, o Banco de Moçambique diz que a nova plataforma é segura e garante a liquidação das transações em tempo real. Num evento orientado pelo Governador do Banco de Moçambique, a Presidente do Conselho Executivo da SIMO, Sariel Nhabinde, explicou que, com a entrada da Euronet, foram integrados todos os bancos na rede única, através da migração dos cartões e dos terminais ATMs e POS. Disse ainda que, com o novo sistema, foi necessária a substituição de todos os cartões bancários dos clientes.
“Assinalamos com júbilo a materialização dos objectivos da criação da Sociedade Interbancária de Moçambique, com a unificação de todas as redes de pagamentos electrónicos e consequente operacionalização plena e exclusiva da Rede Única Nacional de Pagamentos Electrónicos, uma rede robusta, segura, fiável, integrada, inclusiva e de acesso universal, que responde às exigências e mandatos das entidades internacionais dos sistemas de pagamento”, afirmou Nhabinde.
A PCE explicou também que, em cumprimento dos mandatos impostos por entidades dos sistemas de pagamentos internacionais, foi introduzido o cartão com a tecnologia “Contactless, oferecendo maior segurança ao titular do cartão e protecção contra tentativas de fraude, uma vez que lhe permite fazer pagamentos sem que o cartão saia da sua mão e sem que tenha de inserir o seu código pessoal em público”.
Entretanto, alguns utentes não têm a mesma percepção, pois consideram os novos cartões Contactless inseguros, em casos de roubo, por exemplo. “Persistem inquietações do público utente em relação à segurança do novo cartão em caso de extravio ou roubo. Da explicação dada, parece que o cartão Contactless pode ainda ser utilizado por pessoas estranhas, para efectuar operações de pagamentos por aproximação, isto é, sem precisar de introduzir o PIN. Ora, aqui permanece a dúvida sobre a segurança do dinheiro dos titulares em caso de perda ou roubo dos seus cartões, mesmo considerando que os valores transacionáveis por meio de "aproximação" são considerados baixos”, comentou um leitor da “Carta”, num artigo sobre as funcionalidades do novo cartão.
Durante o lançamento oficial, a PCE da SIMO acrescentou que, para além do Contactless, perspectiva para um futuro próximo a introdução de QRCode e de serviços de Gateway para pagamentos a instituições e comerciantes nacionais que pretendam disponibilizar a opção de pagamentos na internet.
Por seu turno, o Governador do Banco de Moçambique assinalou que a nova plataforma contribui para acelerar o processamento das transacções, garantindo a liquidação das mesmas em tempo real, reforçar a segurança e tornar a infra-estrutura tecnológica mais resiliente para responder aos desafios crescentes da economia nacional.
Ainda na componente dos benefícios desta plataforma da SIMOrede, consta a oferta diversificada de produtos e serviços financeiros, sobretudo a interoperabilidade entre as instituições de moeda electrónica, bancos e outros prestadores de serviços financeiros, o que concorre para o alcance dos objectivos de inclusão financeira, bem como para a melhoria do ambiente de negócios em Moçambique.
“Reconhecemos que este processo de migração e integração na nova plataforma acarreta consigo um conjunto de desafios que requerem uma pronta e tempestiva resposta de todos nós, por forma a garantir uma comunicação eficiente e eficaz com o público em geral. Por isso, encorajamos a indústria bancária e as instituições de moeda electrónica a investirem em meios tecnológicos e humanos para responderem eficaz e eficientemente à demanda, cada vez mais crescente dos consumidores financeiros nesta era da economia digital”, afirmou Zandamela.
A entrada da Euronet foi anunciada em 19 de Novembro passado pelo Banco Central. Estão integrados na Rede Única Nacional 16 bancos comerciais e três instituições de moeda electrónica, nomeadamente, o M-Pesa, E-Mola e Mkesh, que têm contribuído para a inclusão financeira, principalmente nas zonas recônditas onde o acesso a um Banco é praticamente impossível. (Evaristo Chilingue)