Localizado no distrito de Lago, na província do Niassa, a localidade de Lupilichi está a transformar-se num local cada vez mais concorrido por cidadãos estrangeiros. A maior parte destes são tanzanianos e malawianos que ″invadem″ a zona devido à abundância do ouro, o que concorre para a emergência de outros negócios.
Fontes disseram à "Carta" que, não obstante a presença do Estado através de diferentes tipos de forças, há cada vez mais cidadãos estrangeiros ilegais, que exploram o ouro sem licença, sem benefício da comunidade local, embora existam critérios de cobrança de alguns impostos aos residentes e praticantes do garimpo.
A presença de estrangeiros em Lupilichi tem estado a contribuir para a circulação desregrada de avultadas somas de dinheiro, com destaque para o Metical e Shiling de Tanzânia e para aumento da corrupção policial e da prostituição.
"O ambiente de lá é outro nível, tudo luxo, nas matas está cheio de boas damas e de todo o tipo de refrigerantes e de bebidas. Os nossos agentes da polícia, basta receberem um refresco, deixam os estrangeiros à vontade e sem serem interpelados", contou uma das nossas fontes.
O custo de vida é uma outra realidade em Lupilichi, sobretudo em locais de exploração do ouro. "A bebida que em outros locais está a 50 meticais, em Lupilichi está 120 meticais. Não é para quem quer, é para quem pode. As prostitutas cobram no mínimo 600 meticais e a maioria é da Tanzânia", descreveu outra fonte residente na sede do distrito de Lago.
Recentemente, o secretário da Unidade de Gestão do processo de Kimberly no ministério dos Recursos Minerais e Energia, Castro Elias, apontou que o fraco controlo na fronteira com a Tanzânia, concorre para a perda de muito ouro na província do Niassa.
Castro Elias falava num seminário na cidade de Lichinga, sobre avaliação nacional dos riscos de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, tendo apontado que a perda chega a atingir trinta (30) a quarenta (40) quilogramas de ouro por mês. (Carta)