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terça-feira, 27 dezembro 2022 07:49

Depois do Natal o mercado grossista do Zimpeto ficou às moscas

Um dia depois da festa do Natal, o mercado do Zimpeto, o maior mercado grossista do país, ficou quase às moscas, quer o comércio, quer o transporte de passageiros. Sem fluxo de negócios e transporte, o que mais se notabilizava naquele recinto era o lixo e águas estagnadas, constatou “Carta”, numa ronda ao recinto. 

 

Eram 15 horas, quando a equipa do jornal chegou ao local. Nessa altura, as autoridades municipais já tinham mandado fechar os portões do mercado grossista, pelo facto de ser um dia em que havia tolerância de ponto e, por isso, só devia funcionar até ao meio-dia.

 

Entretanto, fora do recinto (no mercado anexo), encontravam-se alguns revendedores e seus clientes. Interpelamos Ismael Borges que se dedica à venda de cebola e batata reno há mais de 15 anos. Ele descreveu o dia como péssimo.

 

“Como vê, o dia está péssimo, não há clientes, só estamos nós os revendedores. Deve ser por causa da tolerância de ponto. Além disso, o fim-de-semana foi mais prolongado e as pessoas estão a descansar”, relatou Borges. 

 

Quanto aos preços, aquele comerciante disse que não tinha havido alteração nem com a falta de clientes. “Os preços continuam os mesmos. Por exemplo, um saco de 10 kg de batata custa entre 400 a 420 Meticais e o preço da mesma quantidade de cebola varia de 480 a 500 Meticais”, acrescentou o nosso interlocutor. 

 

Fora do grossista, a nossa equipa interpelou também a comerciante Gorgina Gomes que revende absorventes há meia década. Contou-nos que houve muita afluência de clientes nos dias que antecederam o Natal, mas ontem o ambiente de negócio era muito fraco. “Praticamente não há negócio, porque não há movimento. Muitas pessoas estão em casa por causa das festas”, disse a fonte, mas expectante por dias melhores. 

 

Com o mercado quase às moscas, não só os comerciantes se viram prejudicados, mas também compradores. Tal é o caso de Amélia Lucinda que, sem conseguir o que queria, mostrou-se contra o encerramento do grossista ao meio-dia. “Queria comprar amendoim, mas infelizmente o mercado está fechado. Penso que nesses dias o mercado deveria permanecer aberto todo o dia, pois há sempre pessoas para fazer compras”, queixou-se Lucinda. 

 

Contudo, nem a todos os comerciantes a tolerância de ponto devido a festa da família prejudicou no Zimpeto, pois houve quem achasse o ambiente favorável. É o caso de Aminosse Chitoquiço e Cidália Bila. Ambos foram unânimes em afirmar que o dia estava a ser produtivo apesar do fraco movimento. Por consequência, mostravam-se felizes e animados. O primeiro vende sabão em barras, enquanto Cidália Bila revende tomate, cebola e alho em pequenas quantidades.

 

Apesar de ser um dia com menos fluxo de clientes, todos os comerciantes interpelados esperam por dias melhores, pois acreditam que as pessoas irão acorrer ao local para as compras da festa do fim de ano.

 

Fluxo de transporte também era gota-a-gota

 

Anexo ao mercado grossista do Zimpeto está um terminal de transporte rodoviário de passageiros, um dos maiores da área metropolitana de Maputo. Nos dias úteis, o terminal é caracterizado por grande fluxo de autocarros e mini-autocarros, bem como de passageiros e de pessoas que acedem ao local para fazer negócio. 

 

Entretanto, ontem, os “chapas” chegavam gota a gota e, por consequência, viam-se filas de mais de 50 metros de pessoas que esperavam horas a fio pelo transporte. Esta situação criou transtornos a várias pessoas, como António Magaia que pretendia chegar à vila de Marracuene. Eram quase 16 horas, quando nos aproximamos de Magaia. Contou-nos que estava na fila há mais de 45 minutos, mas os “chapa” não apareciam com frequência. 

 

Do local, Gabriel Zimba queria ir à Matola-gare, mas sem transporte via os seus planos comprometidos a cada minuto que esperava. “Vou a Matola-gare e já passam 30 minutos, mas nenhum “chapa” aparece. Acredito que essa escassez de transporte é mesmo devido às festas”, disse Zimba.

 

Nilza André é uma das várias pessoas que também se encontrava numa longa fila à espera de “chapa” para Matlemele, município da Matola. “Não está fácil tomar “chapa”. Estou aqui há quase uma hora, os “chapas” aparecem em intervalos de 15 a 20 minutos. É cansativo esperar por muito tempo”, queixou-se a entrevistada. 

 

De entre vários destinos, a nossa equipa constatou que os “chapas” que mais escasseavam eram aqueles que ligam Zimpeto a vários bairros da Matola e Marracuene. Entretanto para quem fosse a Baixa da cidade, Praça dos Combatentes, Costa do Sol e Museu o problema não era maior. 

 

Lixo e águas estagnadas

 

O mercado é por “excelência” um lugar de produção de lixo. Embora as autoridades municipais façam limpeza, conforme atestaram os comerciantes, num dia com menos fluxo de pessoas, o lixo pareceria mais visível. As águas estagnadas, que provocavam solos lamacentos, também eram notórias com as chuvas intermitentes que se faziam sentir ontem na capital. O lixo, as águas estagnadas, bem como a urina quando conjugados provocavam um cheio nauseabundo o que desagradava a todos. De entre vários pontos, o lixo é mais notório nas valas construídas junto das vias de acesso, bem como na parte exterior da vedação do terminal de chapas. Facto curioso é que não são visíveis latas de lixo em redor do mercado, bem como do terminal. (Evaristo Chilingue)

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