As autoridades na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, não querem a comercialização e uso de objectos pirotécnicos durante a quadra festiva que se avizinha. Em duas conferências de imprensa separadas, o Conselho Autárquico e o Comando Provincial da PRM alertaram ao público que os comerciantes não serão autorizados a vender objectos pirotécnicos e os cidadãos também não podem usá-los, sob o risco de tomada de medidas duras.
O Presidente do Conselho Municipal da cidade de Pemba, Florete Motarua, fez saber que a restrição e proibição da venda e uso de fogo-de-artifício durante a quadra festiva deve-se às sequelas que as famílias deslocadas guardam devido aos actos de terrorismo de que foram vítimas.
Motarua diz estar a trabalhar com as estâncias turísticas, que vão acolher as festas por ocasião da quadra festiva, para não usar fogo-de-artifício, ao mesmo tempo que várias unidades da PRM e outras forças serão colocadas no terreno para dar resposta a qualquer tentativa de uso de objectos pirotécnicos.
Já a PRM, através do seu porta-voz, Mário Adolfo, justifica que a proibição de fogo-de-artifício ao nível da cidade de Pemba constitui uma medida de vigilância e controlo. Segundo ele, o fogo-de-artifício pode propiciar uma oportunidade para actuação do inimigo, neste caso, dos terroristas.
Mário Adolfo não tem dúvidas de que o fogo-de-artifício se equipara às armas usadas pelos terroristas em ataques a aldeias e vilas nos distritos de Cabo Delgado, daí que apela ao reforço da vigilância.
Refira-se que a cidade de Pemba, com mais de 140 mil deslocados, é até aqui o único espaço geográfico em Cabo Delgado, que não foi visado por um ataque terrorista. Entretanto, os citadinos da cidade de Pemba duvidam da efectividade da decisão das autoridades, em proibir o uso de objectos pirotécnicos, alegadamente, para não assustar as famílias deslocadas e entendem que o fogo-de-artifício é característica tradicional da festa de Natal e do Ano Novo.Rosário António, residente no bairro Ingonane, desde 2000, diz que todos os momentos festivos no fim do ano têm sido caracterizados por fogos de artifícios e receia que o Conselho Municipal tenha capacidade de controlo numa altura em que a cidade de Pemba conta com milhares de pessoas, incluindo estrangeiros. (Carta)