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Um estudo sobre os desafios e oportunidades da indústria açucareira em Moçambique, com foco para a província de Sofala, constatou que, não obstante as medidas proteccionistas e os incentivos atribuídos, a indústria ainda está a operar muito abaixo do seu potencial. Como consequência, a produção actual do açúcar tende a reduzir, bem como a sua contribuição na economia.
Concretamente, o estudo anotou que a produção total de açúcar nos últimos cinco anos atingiu o máximo de 415 mil toneladas em 2019, tendo a cifra caído para cerca de 270 mil toneladas em 2021, reduzindo igualmente a sua contribuição no emprego, no Produto Interno Bruto e na arrecadação de divisas. Ainda sobre o impacto da redução da produção do açúcar no emprego, a análise observou que, dos cerca de 30 mil trabalhadores empregues em 2013 na indústria açucareira, quase metade tinha sido despedida em 2021.
Feito e apresentado na última semana pelo Banco de Moçambique, na cidade da Beira, no âmbito do 47º Conselho Consultivo, o estudo refere adicionalmente que o peso do açúcar na indústria transformadora baixou de 11% em 2013 para apenas 2% em 2021, enquanto as receitas de exportação declinaram de cerca de 156 milhões de USD para cerca de 40 milhões de USD, no mesmo período.
Quanto às causas da queda de contribuição do sector na economia, o estudo destaca a produção do açúcar que não permite que haja uma estratégia integrada para a exploração dos sub-produtos da cana-de-açúcar. Refere-se também à insuficiente modernização da produção da cana-de-açúcar, abrindo espaço para produtores independentes. O estudo aponta igualmente investimento insuficiente em pesquisa e desenvolvimento (por exemplo, em variedades de cana de sacarina com maior rendimento), bem como insuficiente investimento em infra-estruturas de suporte (por exemplo, para a mitigação dos choques climáticos).
Para além dos aspectos acima descritos, o estudo cujo resumo foi apresentado pelo Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, constatou ainda que mina o sector a falta de transparência no processo de formação de preços da cana-de-açúcar e ausência de uma estratégia integrada, visando maximizar a cadeia de valor da cana-de-açúcar.
Como forma de maximizar os ganhos na indústria, o estudo sugere, entre outros aspectos, a definição e implementação de um Plano Director para a promoção do sector açucareiro. “No nosso entender, o referido Plano deverá conter uma estratégia clara de diversificação para aproveitamento de subprodutos da cana, mecanismos de coordenação de investimentos, pesquisas, determinação de preços e responsabilidade social”, concluiu o Governador do Banco de Moçambique. (Evaristo Chilingue)
