O economista e Director Executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Eduardo Sengo, entende que a depreciação do Euro, que se assiste há mais de um semestre devido ao impacto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia na Europa, está a beneficiar as finanças públicas sob gestão do Governo, no que toca ao serviço da dívida pública naquela moeda.
Em 20 anos, o Euro esteve mais forte em relação ao Dólar dos Estados Unidos da América (USD). Entretanto, após sanções da União Europeia à Rússia por invasão à Ucrânia, o que originou a crise energética, o Euro depreciou-se atingindo paridade com o Dólar. Entretanto, o câmbio desta quarta-feira (05) do Banco de Moçambique mostra uma queda, pois 1 Euro custava 63.9 Meticais, enquanto 1 USD vendia-se a 64.5 Meticais.
Numa entrevista exclusiva à "Carta" sobre o impacto da depreciação do Euro na economia e nas finanças públicas, Sengo disse que o fenómeno está a beneficiar o Governo no pagamento da dívida pública externa em Euros. “A depreciação do Euro traz ganhos para o serviço da dívida pública emitida naquela moeda. Quer dizer que, se a taxa de câmbio é baixa, então o Governo paga menos em dívida. Por exemplo, se antes precisava de 70 Meticais para comprar 1 Euro, hoje precisa de 63 Meticais, um ganho de 7 Meticais por cada Euro”, explicou o economista.
Dados constantes no Boletim sobre a Dívida Pública referente ao segundo trimestre de 2022, elaborado pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF), indicam que, dos 10 biliões de USD de stock de dívida pública externa, pelo menos 8% está em Euros, o que equivale a aproximadamente 1 bilião de Euros. Quer dizer que os benefícios da depreciação estão limitados ao pagamento do capital e juros desse 1 bilião de Euros.
Sengo, que antes da CTA trabalhou no MEF, disse num outro desenvolvimento que se no serviço da dívida há vantagens, o mesmo não se verifica nas reservas internacionais em Euros guardadas no Banco de Moçambique para importações e outros fins. Segundo o economista, com a desvalorização do Euro, o nível de reservas internacionais líquidas naquela moeda verificou, por consequência, uma redução. Quer dizer que se o Banco Central quiser pagar uma determinada factura de importação com aquela moeda, terá de despender mais euros que dantes. (Evaristo Chilingue)