A consultora Oxford Economics Africa reviu a previsão de inflação em Moçambique para 9,8% este ano, quase duplicando face aos 5,7% registados, em média, durante o ano passado.
"A inflação bateu um novo recorde de quatro anos, num contexto de elevados preços globais do petróleo e energia causados pelas perturbações à cadeia de abastecimento da Rússia e da Ucrânia e ainda por efeito da pandemia de covid-19", lê-se no comentário à evolução dos preços em Moçambique.
A inflação homóloga em Moçambique foi de 10,81% em junho, o valor mais alto dos últimos quatro anos e nove meses, anunciou o Instituto Nacional de Estatística (INE) na terça-feira.
A inflação homóloga em maio tinha sido de 9,31% e subiu 150 pontos base em junho, segundo o novo boletim do Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
É preciso recuar até agosto de 2017 para encontrar um valor mais alto: na ocasião, a inflação foi de 14,13%, no rescaldo do choque provocado pelas dívidas ocultas.
"Apesar de a taxa de câmbio do metical se ter mantido nos 63,83 por dólares desde setembro de 2021, não acreditamos que a estabilidade da taxa de câmbio, por si só, vá contrariar o impacto do recente aumento abrupto dos preços de energia globais e do preço dos alimentos nos preços pagos pelos consumidores", aponta-se no relatório enviado aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.
A subida que se verifica desde o início do ano está em linha com todas as previsões e com o clima inflacionista global causado pela guerra na Ucrânia e pelo aumento do preço dos combustíveis. Em termos acumulados, desde início do ano, a inflação de 2022 em Moçambique está agora em 6,44%.
Habitualmente assiste-se a um recuo dos preços e até a alguma deflação entre maio e julho, devido ao período de colheitas e abundância nos mercados, mas este ano o alívio mensal foi mínimo: a inflação mensal de maio foi de 1% e em junho foi de 0,83%. (Lusa)