Os operadores do sector de importação e distribuição de produtos petrolíferos em Moçambique dizem que a contínua subida de preços no futuro é inevitável devido, por um lado, ao encarecimento do preço do petróleo no mercado internacional e, por outro, ao fraco impacto das medidas do Governo ao sector.
A previsão foi apresentada esta terça-feira (05), em Maputo, por diversos operadores, à margem de uma reunião que estes mantiveram com a Direcção máxima da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) que visava estudar soluções da crise de combustíveis.
Falando das discussões, o Presidente do Pelouro de Recursos Minerais, Hidrocarbonetos e Energia, Simoni Santi, disse que, analisando o mercado internacional, os preços dos combustíveis praticados pelos operadores em Moçambique são “artificialmente baixos em comparação com os países vizinhos”, apesar de serem sufocantes para o consumidor final. Nesse contexto, Santi deu a entender que as medidas adoptadas pelo Governo para mitigar a crise não satisfazem a classe.
Trata-se de medidas como redução de 30% do valor das margens de instalações centrais de armazenagem para determinados combustíveis e produtos petrolíferos (dos anteriores 7 Meticais para 4.9 Meticais), corte de 15% das margens de distribuidor e do retalhista. Comentando especificamente sobre estas medidas, o Presidente da Associação dos Revendedores de Combustíveis de Moçambique (ARCOMOC), Nelson Mavimbe, afirmou que o corte não está a ajudar a classe.
Para Mavimbe, o agravante é que há dois anos o Governo congela a revisão da margem do retalhista, apesar de isso ser fundamentado pela lei 89/2019 de 29 de Novembro que define o regime que regula as actividades de produção, importação, recepção, armazenagem, manuseamento, distribuição, comercialização, transporte, exportação, reexportação, trânsito e fixação de preços de produtos petrolíferos no território nacional.
Segundo o Presidente da ARCOMOC, com a crise internacional, o corte e congelamento da revisão de margens, os operadores estão a somar prejuízos porque os custos operacionais sobem a cada dia. Como forma de mitigar o impacto da crise, o Director Executivo da Galp em Moçambique, Paulo Varela, disse na ocasião que o preço deverá continuar a subir no país, caso contrário o Governo terá de injectar mais apoio. Em todo o caso, “existe uma maior probabilidade de que o preço venha a subir mais no futuro em função da conjuntura internacional”.
Para ilustrar o quão prejudicados estão os operadores, o Director Executivo da Galp em Moçambique explicou que, para o gás de cozinha (ou GPL), por exemplo, as empresas perdem actualmente com a venda, 23 Meticais por quilograma, e no gasóleo a perda actual é de 9 Meticais (mas já chegou aos níveis de 14 Meticais).
No que toca à importação, Varela explicou que se há seis meses o custo de tonelada de gasóleo era de 800 USD, actuamlente importar a mesma quantidade custa 1250 USD. Entretanto, disse haver perspectivas de que, em Agosto, o aumento atinja níveis de 1400 USD por tonelada.
O terceiro e último reajuste do preço dos combustíveis este ano foi anunciado a 01 de Julho corrente. De acordo com a Autoridade Reguladora de Energia de Moçambique (ARENE) os novos preços dos combustíveis que vigoram desde o dia 02 de Julho indicam que o litro de gasolina, que antes custava 83,30 Meticais custa actualmente 86,97 Meticais. O preço do litro de gasóleo subiu de 78,97 Meticais para 87,97 Meticais e o gás de cozinha regista o maior aumento tendo passado de 85,53 por quilograma para 102,2 Meticais. (Evaristo Chilingue)