A Câmara de Comércio de Moçambique estima que os pequenos agricultores moçambicanos poderiam quase duplicar a sua receita se tivessem um armazenamento adequado para as colheitas, segundo dados ontem divulgados.
Entre “vários produtos analisados” constatou-se que os pequenos produtores “perdem cerca de 11 mil milhões de meticais [163 milhões de euros]” por ano, disse Hipólito Hamela, economista e assessor da Câmara do Comércio de Moçambique, citado pela Televisão de Moçambique.
O responsável falava à margem de um debate sobre formação de pequenos agricultores, numa iniciativa denominada “Zero perdas pós-colheita”, coordenada pelo Programa Alimentar Mundial (PAM).
Ou seja, segundo Hipólito Hamela, se não houvesse perdas, os produtores “ganhariam cerca de 22 mil milhões de meticais [326 milhões de euros] em receitas”, que se situam atualmente nos 12 mil milhões de meticais (178 milhões de euros), referiu.
No âmbito da iniciativa “Zero perdas pós-colheita” são distribuídos silos ou sacos herméticos de 50 quilos aos agricultores, que impedem a perfuração por insetos que atacam grãos de milho, feijão, amendoim e outros produtos agrícolas.
“O PAM testou [a iniciativa] em seis distritos de Tete e os resultados foram muito bons”, disse Adilson Mangueze, coordenador da iniciativa, referindo que se expandiu a atividade a todos os distritos daquela província.
O programa vai ser implementado em mais três províncias moçambicanas, nomeadamente Manica, Zambézia e Nampula, além de Maputo e Tete, onde já está a ser realizado.
O projeto, que vai decorrer até 2024, vai beneficiar cerca de 80 mil agricultores com o objetivo de aumentar o rendimento e melhorar a segurança alimentar.
A maioria da população moçambicana pratica a agricultura, mas apenas para fins de subsistência, dada a forma artesanal como é praticada, sendo que vários analistas consideram que o setor pode ser um dos motores económicos do país, se for apoiado, dada o potencial agrícola de Moçambique. (Lusa)