Para além de Directora do Africa Desk do Terrorism Research & Analysis Consortium, Jasmine Opperman, de nacionalidade sul-africana, foi instrutora sénior da Academia de Inteligência, com foco em análise operacional, antiterrorismo, conflitos de baixa intensidade e gerenciamento de inteligência dentro de uma democracia constitucional e trabalhou como chefe provincial na Agência Nacional de Inteligência Nacional da África do Sul (NIA) por 19 anos. Seu trabalho de pesquisa é altamente reconhecido, elogiado e legível em todo o mundo.
Passados dois anos, ainda é desconhecido o líder do grupo, seu nome e suas motivações. Também é desconhecido o número oficial de vítimas mortais, tanto civis, militares, assim como integrantes do grupo, avançando-se apenas a possibilidade de o fenómeno já ter tirado a vida de mais de 300 pessoas, para além da vandalização de diverso património público e privado.
Dados do Governo Provincial de Cabo Delgado indicam que cerca de 68 mil pessoas terão abandonado suas aldeias nos cinco distritos mais afectados pelos ataques (Macomia, Mocímboa da Praia, Palma, Nangade e Muidumbe), tendo se refugiado no distrito de Mueda, cidade de Pemba e outras regiões circunvizinhas.
Os números surgem num momento em que o grupo tem intensificado as suas acções naquela região do país, apesar das Forças de Defesa e Segurança (FDS) terem recebido reforço dos mercenários russos do Grupo Wagner. Aliás, fontes militares denunciam uma “colisão” entre as FDS e os mercenários russos, devido às técnicas usadas pelo grupo que contrariam a lógica desenhada pela parte moçambicana, para além de que todas as suas operações são decididas em Maputo e não pelos homens que se encontram no terreno.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, manifestou, na última sexta-feira, no distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, a sua preocupação em conhecer a origem e as motivações dos insurgentes.
No comício em que apresentou à população o Ministro da Defesa Nacional, Atanásio M’tumuke, o Director-Geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Júlio Jane, e o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, o Chefe de Estado defendeu que o fim dos ataques armados naquela província do norte do país depende da “vigilância e da denúncia da população”.
Já o Ministro do Interior, Basílio Monteiro, garantiu no último sábado, durante a abertura do XXIX Conselho Coordenador daquele Ministério, que decorre em Chidenguele, distrito de Mandlakazi, na província de Gaza, que as FDS estão firmes e focadas no combate aos malfeitores que atacam alvos civis e militares nas províncias de Cabo Delgado, Manica e Sofala.
Segundo Basílio Monteiro, o cenário que se vive nestes pontos exige um redobrar de esforços das FDS com vista a garantir a segurança das pessoas, tal como pediu o Presidente da República, na sua reunião com as FDS, em Cabo Delgado. (Omardine Omar)