A guerra nos distritos do centro e norte da província de Cabo Delgado ganhou outras proporções nos últimos dias, com as incursões e bombardeamentos a supostas bases dos insurgentes por parte das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Segundo apuramos, na passada terça-feira (15 de Outubro), enquanto o país votava, as regiões de Napala, no Posto Administrativo de Mucojo, em Macomia e Mbau, no distrito de Mocímboa da Praia, eram bombardeadas pelas FDS com o apoio do grupo paramilitar russo “Wagner”, que perseguiam insurgentes. Camiões carregados de militares fortemente armados foram vistos ao norte dos locais acima mencionados. Objectivo: “limpeza nas matas”.
Na região de Quiterajo, em Macomia, foram vistos quatro camiões carregados de militares russos em direcção à base montada na região de “Domingos”, próximo do mar, num local onde há sensivelmente três meses os insurgentes mataram e incendiaram bens e barcos. O contingente envolvido nestas operações, garantem fontes, é composto por mais de 600 homens.
Outra operação ocorreu na passada quarta-feira (16 de Outubro), no período da tarde, na zona costeira de Mucojo, onde foi bombardeada a base de Ndussia, mais conhecida por “Rússia”; a mesma foi criada pela Frelimo durante a Luta de Libertação Nacional contra o colonialismo português. O ataque àquela base durou, aproximadamente, cinco horas, contam fontes locais.
As operações, que são bastante louvadas pela população que vive distante das zonas de ataques, vêm levantando dúvidas para os que vivem nas regiões onde se travam os combates, pois “não há certeza se quem está a ser morto são os chamados insurgentes ou também há civis”.
Entretanto, o Governo reivindicou ganhos na luta contra os insurgentes. Um comunicado do Ministério da Defesa Nacional, enviado à nossa redacção, diz que “as Forças de Defesa e Segurança assestaram, no dia 16 de Outubro, mais um golpe de artilharia contra um agrupamento de malfeitores que se havia refugiado no sul do Posto Administrativo de Miangalewa, no distrito de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado”.
“Depois deste ataque, os malfeitores colocaram-se em fuga, tomando diferentes direcções, sendo que alguns destes foram neutralizados em Chitolo, Mocímboa da Praia e outros na região de Nova Zambézia, em Macomia” refere o documento.
No entanto, tal como o MDN, o Estado Islâmico (EI) reivindicou ter capturado um militar do exército moçambicano e de ter abatido vários deles durante o combate em Mbau e Marere, no distrito de Mocímboa Praia. (Paula Mawar e Omardine Omar)