Três anos depois da passagem dos Ciclones Tropicais IDAI e KENNETH, Moçambique voltou a testemunhar a passagem de mais uma tempestade devastadora, desta vez denominada “GOMBE”.
Na última sexta-feira, as províncias de Nampula e Zambézia estiveram debaixo de ventos fortes, que vinham acompanhados de chuvas fortes e trovoadas severas. Como resultado, até às 14:00 horas deste domingo, as autoridades reportavam a morte de 12 pessoas, todas ocorridas na província de Nampula. Das mortes até aqui confirmadas, nove foram causadas pelo desabamento de casas (cinco pertencentes a mesma família, no distrito de Angoche), duas por queda de árvores e uma por electrocussão.
Num balanço preliminar, o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) anunciou ainda o ferimento grave de 40 pessoas, num universo de 30.664 mil pessoas afectadas nas províncias de Nampula e Zambézia. Na Zambézia, em particular, uma pessoa é dada como desaparecida, enquanto 610 estão deslocadas.
De acordo com a instituição, 3.014 casas ficaram totalmente destruídas e 2.546 estão destruídas parcialmente. Há registo ainda da destruição de 346 salas de aula, 11 casas de culto, uma ponte, seis unidades sanitárias, seis embarcações e queda de 74 postes de energia.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), o Ciclone Tropical GOMBE chegou à província de Nampula (distrito de Mossuril) pela madrugada de sexta-feira, com ventos de 130 Km/h e rajadas de 165 Km/h e chuvas acimas de 200 mm em 24 horas. Aliás, segundo as autoridades meteorológicas, o “GOMBE” terá enfraquecido durante a sua aproximação à terra firme, pois, até às 21:00 horas de quinta-feira, apresentava-se intenso, com ventos de 140 Km/h e rajadas de 195 Km/h.
Porém, o Centro Meteorológico francês da Ilha de Reunião, citado pela Lusa, refere que o Ciclone Tropical “GOMBE” chegou à costa moçambicana na categoria de Ciclone Intenso, com chuva torrencial e vento de 165 Km/h e rajadas superiores a 200 Km/h.
Devido à intensidade do “GOMBE”, avança-se a possibilidade de ainda haver mais óbitos, assim como danos por apurar. Dois distritos da província de Nampula, nomeadamente, Mogincual e Liúpo, continuam isolados, devido à intransitabilidade nas vias que dão acesso àqueles distritos.
Para além de as estradas não se encontrarem em óptimas condições de transitabilidade, os dois distritos estão incomunicáveis. Aliás, mais da metade dos distritos da província de Nampula continua sem energia eléctrica, situação que afecta pouco mais de 130 mil famílias.
Com as províncias de Nampula e Zambézia a registarem chuvas fortes, caudais de alguns rios (como Licungo) continuam a subir, havendo ameaças de cheias. Lembre-se que, aquando da passagem do Ciclone Tropical IDAI, as chuvas torrenciais que caíram na província de Sofala aumentaram os caudais dos rios Búzi e Púnguè, tendo causado uma das piores inundações no distrito de Búzi.
Campanhas de solidariedade
Enquanto o Ciclone Tropical “GOMBE” ainda mantinha a sua actividade pelos distritos do centro da província de Nampula, incluindo a sua capital, campanhas de solidariedade nasciam nas redes sociais, porém, tendo como foco a turística e histórica Ilha de Moçambique.
A par do distrito de Mossuril, a Ilha de Moçambique é dos primeiros distritos da província de Nampula a serem atingidos pelo “GOMBE”, tendo destruído diversas infra-estruturas públicas e privadas. Até sábado, mais de 3.500 famílias tinham sido afectadas pelo Ciclone, mais de quatro mil casas destruídas (parcial e totalmente), para além de escolas e unidades sanitárias destruídas.
Uma plataforma, denominada Makobo, está a mobilizar ajuda, constituída por produtos alimentares e não alimentares, kits de bebés e medicamentos para ajudar os afectados pelo Ciclone Tropical “GOMBE”.
Refira-se que esta é a terceira tempestade a afectar as províncias de Nampula e Zambézia em três meses. Em Janeiro, a Tempestade Tropical ANA devastou aquelas províncias e a de Tete, sendo que, em Fevereiro, foi a vez da Depressão Tropical DUMAKO. (Carta)