Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

27 de Abril, 2023

Economista não vê razões para ajustamento imediato do preço dos combustíveis em Moçambique

Escrito por

Enquanto o Governo confirma a subida do preço dos combustíveis nos próximos dias, fruto da pressão exercida pelas gasolineiras, devido ao anúncio do corte, a partir do próximo mês de Maio, da produção do petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o economista Egas Daniel defende não haver razões para a subida imediata do preço dos combustíveis no país.

 

Segundo o economista, a efectivar-se o corte na produção do petróleo, na ordem de 1 milhão de barris por dia até ao fim do ano, este dever-se-á fazer sentir em Moçambique dentro de quatro a cinco meses (entre Agosto e Setembro próximos), visto que só nesse período é que o país estará a comercializar combustíveis produzidos a partir do crude adquirido na vigência da decisão da OPEP.

 

Na sua explicação, em entrevista à Televisão de Moçambique (TVM), Egas Daniel afirma que da compra do barril do petróleo à venda do combustível líquido ao cidadão em Moçambique, há um período estimado entre quatro a cinco meses de separação, visto que pelo meio há um processo de transformação (do petróleo bruto), importação, armazenamento e distribuição do combustível líquido até chegar ao consumidor final.

 

“Por essa razão, não se pode estabelecer uma relação directa entre a efectivação do corte da produção do crude com uma subida imediata do preço dos combustíveis a nível doméstico. Qualquer ajustamento imediato não seria explicado pelo anúncio da OPEP, pelo contrário, seria explicado pela situação internacional do barril de petróleos há cinco meses”, garantiu o economista.

 

Segundo Egas Daniel, neste momento, a situação do barril no mercado internacional está estável, embora tenha levado um susto após a decisão tomada pela OPEP. O economista salienta ainda que o preço CIF (preço de importação até aos portos moçambicanos) também tende a descer, pelo que não vê razões para a subida imediata do preço dos combustíveis no país. Aliás, argumenta que a redução do preço de importação pode favorecer o Governo no processo de pagamento da dívida com as gasolineiras, avaliada em 400 milhões de USD.

 

Dados partilhados pela Autoridade Reguladora de Energia mostram que, até ao passado dia 21 de Abril, o barril de petróleo era vendido a 81,66 USD, depois de ter chegado a 87,33 USD após o anúncio da intenção do corte da produção do petróleo bruto. Aliás, entre os dias 10 e 21 de Abril corrente, os preços do barril do petróleo oscilaram entre 81,10 USD e 87,33 USD, preços que se verificam desde o primeiro semestre de 2022.

 

Refira-se, no entanto, que desde o anúncio da redução da produção do petróleo bruto, as gasolineiras têm pressionado o Governo a agravar os preços dos combustíveis, um desejo já acolhido pelo Executivo que, entretanto, pondera rever o Decreto n.º 89/2019, que aprova o Regulamento sobre os Produtos Petrolíferos, de modo a minimizar o impacto da subida do preço dos combustíveis.

 

O último reajuste ocorreu em Julho de 2022, em que a gasolina subiu de 83,30 Meticais por litro para 86,97 Meticais e o gasóleo passou de 78,97 Meticais para 87,97 Meticais por litro. Já o petróleo de iluminação passou de 71,48 Meticais, o litro, para 75,58 Meticais e o Gás Veicular, de 40,47 o kg equivalente, para 43,73 Meticais. (Carta)

 

Sir Motors

Ler 1.152 vezes