Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

17 de Março, 2025

“Plataforma dos Democratas”: João Lourenço mostrou que é autoritário e antidemocrata

Escrito por

A Plataforma dos Democratas Africanos (PAD) acusou sábado (15) o Presidente angolano, João Lourenço, de ser autoritário e antidemocrático, depois de as autoridades daquele país terem “humilhado” antigos chefes de Estado e de governo africanos e outras individualidades convidados a uma conferência que se realizou na sexta-feira (14), em Benguela.

O político moçambicano Venâncio Mondlane e dois dos seus colaboradores foram deportados na quinta-feira (13) do Aeroporto Internacional de Luanda, depois de terem sido impedidos de entrar no país, devido a razões até agora pouco claras, quando iam participar no aludido encontro.

Em nota de repúdio enviada a Carta, a PAD diz que “o regime angolano” deportou 12 delegados que iam ao encontro, recusou vistos a vários outros e reteve, durante cerca de nove horas, no aeroporto, os antigos presidentes do Botwana Ian Khama e da Colômbia Andrés Pestrana e o antigo primeiro-ministro do Lesotho Moeketsi Mojo.

Vários delegados tiveram o pedido de visto recusado, por “razoes técnicas”, segundo versão oficial, e tantos outros tiveram os passaportes levados pelas autoridades, sendo devolvidos já sem tempo para apanharem o voo para Benguela, avança o comunicado da PAD.

“Vários veículos avariaram a caminho do aeroporto e foram emitidos bilhetes para destinos errados e sem avião disponível”, diz a nota

Em nenhum momento, as autoridades deram explicações sobre as razões das detenções e das deportações, acrescenta o texto.

“Essas acções do regime angolano mostram a campanha cínica de ataques e minam os progressos para uma democracia e prestação de contas em África por regimes que se fazem passar por democracias”, considera a PAD.

O regime angolano, prossegue o comunicado, expôs a sua verdadeira natureza, humilhando e embaraçando antigos chefes de Estado e de governo africanos, numa tentativa desesperada de travar os ventos de avanço rumo a sociedades com uma governação centrada nas populações em África.

“Através dos seus serviços de migração e de segurança, João Lourenço demonstrou a falta de vontade de aceitar a discussão de ideias sobre democracia, para que todas as pessoas beneficiem das riquezas de que o continente africano está dotado”, refere a PAD.

A plataforma exige que o Presidente angolano peça desculpas aos chefes de Estado e de governo africanos que foram humilhados em Luanda.

Assegura que o comportamento das autoridades angolanas tem um efeito contraproducente e torna os democratas africanos mais fortes do que nunca.

“Os acontecimentos em Benguela mostraram que as democracias autoritárias cometem abusos sistematicamente, para se manterem no poder à custa dos seus povos, promovendo democracias de fachada”, enfatiza-se no comunicado.

A luta pela democracia, transparência e prestação de contas está mais forte do que nunca e os que resistem à mudança são um bloqueio ao futuro de África e embaraço para todas as democracias.

Não existe maior solidariedade mais do que a que se constrόi sob pressão, assinala-se no documento.

Entre os signatários da nota de repudio emitida pela PAD estão Ian Khama, Andrés Pestrana, o presidente da UNITA, Adalberto Costa, o político angolano Abel Chivukuvuku e Venâncio Mondlane, Manuel de Araújo e Lutero Simango, estes dois últimos que conseguiram entrar em Angola e participar no encontro.

A reunião de sexta-feira em Benguela foi a quarta da PAD e foi realizada em parceria entre Brenthurst Foundation, Konrad Adenauer Stiftung e World Liberty Congress.

Angola foi escolhida para acolher o evento por assumir actualmente a Presidência da União Africana (UA).

Sir Motors