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3 de Março, 2025

All in ou xeque-mate? A jogada final de VM7

Venâncio sempre esteve entrincheirado entre duas realidades paradoxais: a necessidade de parecer moralmente superior e a urgência de agir concretamente, o que muitas vezes significa recorrer à violência. Aparentemente, os caminhos oferecidos pelo sistema para a crítica não são suficientemente revolucionários. É como tentar viajar num avião construído por quem mais lucra com sua queda, na esperança de chegar ao destino e assumir o controle. De qualquer modo, segue encurralado pelo peso da opinião pública que insiste que VM7 pode se dar ao luxo do pacifismo.

A FRELIMO, por sua vez, sempre adotou a estratégia de simplesmente olhar para o relógio e assistir ao colapso de todo um sistema de manifestações e retóricas. Por mais magnético que seja o apelo, não consegue atravessar a fronteira das armas da crítica, ou seja, o campo estéril da discussão ética. Enquanto os manifestantes falam, o tempo passa, as políticas seguem e o status quo permanece, estoicamente, no seu posto.

O suporte intelectual sempre alimentou o VM7, mas a intelectualidade, por si só, não garante consenso. Os intelectuais alinhados ao sistema têm assento cativo nos jornais, amplo endosso financeiro e cobertura midiática garantida. Precisam gritar cada vez mais alto para sufocar qualquer suspeita de que talvez tenham sido digeridos pelo imenso estômago de uma dívida conveniente.
Do outro lado do ringue, estão os artistas da fome e os mártires. Esses intelectuais orbitam canais alternativos, compartilhando seus ideais em nome do VM7. Sem suporte financeiro, vivem da efêmera solidariedade dos ativistas da internet. Olham para as contas acumuladas no canto esquerdo da sala e ponderam entre duas opções: tornam-se mártires ou entram na fila dos fatalistas. A revolução também tem custos, e nem todos podem pagá-los.

Diante desse cenário, o VM7 tem apenas duas opções. E só uma delas preserva sua existência física. Como um apostador de pôquer que subiu tanto a aposta que recuar deixou de ser uma alternativa, ele está em modo “all in”. Precisa manter o engajamento popular, alimentar-se das pequenas tragédias nacionais e concentrar em si todo o descontentamento.

No fim, as manifestações pacíficas dão lugar a movimentos mais intencionais, visando a tomada agressiva do poder. E não podemos julgá-lo por isso. Ele avançou para a crítica das armas, e fará de tudo para manter a chama acesa. Ele sabe que, no momento em que o mar se acalmar, sua cabeça rolará do alto da escada onde o banquete real está sendo servido. Não se pode condenar esse desespero visível. Ele já perdeu muita gente, apostou alto e agora sente a Máscara da Morte Escarlate pairar sobre si, pronta para arrastá-lo ao esquecimento. Ele luta contra o tempo, sua vida escorre em pequenos grãos pela clepsidra…

Perguntou Drummond de Andrade:

E agora, José? A festa acabou, A luz apagou, O povo sumiu,

A noite esfriou, E agora, José? E agora, você?

Agora pergunta um Lopandza:

E agora, VM7? A festa acabou? A luz apagou?

A noite esfriou? E agora, VM7? E agora? E Agora?

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