A “resistência” das concessionárias das Estradas Nacional Nº 4 e da Ponte Maputo-KaTembe em não recuar da decisão de retomar a cobranças nas portagens começa a ter efeitos devastadores. Na noite de ontem, grupo de manifestantes incendiou a portagem de Mudissa (Bela-Vista), no distrito de Matutuine, província de Maputo.
O acto aconteceu momentos depois de, na autarquia da Matola, outro grupo de manifestantes ter incendiado o Centro de Manutenções da TRAC, a empresa sul-africana concessionária da EN4. Pelo menos duas viaturas pegaram fogo em resultado do incêndio nas instalações da TRAC.
O incêndio da portagem de Mudissa acontece três dias depois de a Rede Viária de Moçambique (REVIMO), concessionária da Estrada Maputo-Ponta D’Ouro, ter retomado as cobranças nas portagens da KaTembe e Mudissa, após um “interregno” de quase dois meses por conta das manifestações populares, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto aos resultados das eleições de 09 de Outubro.
Lembre-se que, em princípios de Dezembro, Venâncio Mondlane ordenou o não pagamento das portagens em protesto à má qualidade das estradas e ao “gangsterismo” que caracteriza grande parte deste negócio. O boicote às portagens foi renovado no passado dia 17 de Janeiro corrente e com efeitos por mais 100 dias, facto que leva milhares de condutores a se recusarem a pagar pelo uso das referidas estradas.
Desde a retoma das portagens que se instalou um braço-de-ferro entre os condutores – apoiados por grupos organizados de “manifestantes” – e as empresas concessionárias das principais vias da Região do Grande Maputo (TRAC e REVIMO).
Tornou-se impossível, desde quinta-feira passada, transitar pela Estrada Nacional Nº 4, devido aos constantes bloqueios da via entre os bairros Trevo (Matola) e Luís Cabral (cidade de Maputo) em protesto às cobranças. Ontem, por exemplo, milhares de condutores ficaram “presos” no trânsito por mais de 10 horas, devido aos protestos, um facto que criou congestionamento nas restantes vias, sobretudo na Avenida Eduardo Mondlane, a única estrada alternativa que liga as cidades da Matola e Maputo.
Referir que a portagem de Mudissa junta-se às de Macaneta, Zintava, Matola-Gare e Cumbeza, também geridas pela REVIMO, que foram destruídas, em Dezembro, durante as manifestações populares. (Carta)