Desde há sensivelmente três anos que a Escola Primária Unidade 24 na cidade de Maputo está votada ao abandono, perante a passividade de quem deveria intervir para reverter tal cenário. Os moradores das redondezas do local onde se situa a referida escola, na rua Milagre Mabote, próximo da Avenida Joaquim Chissano, queixam-se do facto de ela estar agora a servir de refúgio dos marginais. O que resta do estabelecimento de ensino em causa, que tinha 10 salas de aulas, são ruínas. Nas paredes ainda são visíveis as escritas que indicam o nome da escola e aquilo que já foram Gabinete da Direcção e Sala de Professores. O pátio e os corredores estão repletos de lixo, fezes e capim, o mesmo acontecendo nas antigas salas de aulas, na sua maioria desprovidas de janelas, portas e teto.
Até 2016, de acordo com o relato de um antigo aluno que vive próximo da Escola Primária Unidade 24, este estabelecimento de ensino era frequentado por várias crianças que, bem uniformizadas, ali afluíam para dar os primeiros passos no mundo académico. Hoje a situação é totalmente desoladora, pois da escola só sobraram ruínas. Desde que a Escola Primária Unidade 24 ficou abandonada, tornou-se arriscado circular nas redondezas. Conforme contou à “Carta” Marília Meque, de 27 anos e vizinha da escola ora transformada em antro de malfeitores, as pessoas que à noite passam perto são assaltadas pelos marginais que lá vivem, o que constitui uma ameaça para a comunidade vizinha.
Ainda de acordo com a nossa fonte, desconhecidos supostamente dos bairros circunvizinhos transformaram os escombros da mesma escola num ponto de encontro onde se consomem drogas, fazem-se reuniões nocturnas e satisfazem-se necessidades biológicas. Fátima Nhamposse, igualmente residente nas proximidades das agora ruínas da Escola Primária Unidade 24, disse que no ano passado, quando se aproximavam as eleições municipais, apareceram camiões para descarregar pedras e areias, mostrando sinais de que se estava perante uma eminente reabilitação daquele estabelecimento de ensino. No entanto, até aqui nada aconteceu, e nem ninguém voltou a falar do assunto! Enoque Muchanga, residente do bairro Maxaquene, mas que em 2001 fez a quinta classe na Escola Primária Unidade 24, disse ser normal nos casos em que um edifício é abandonado começarem a surgir oportunistas. No caso da Escola primária Unidade 24, Muchanga lamentou a falta de intervenção da Polícia, apesar de existir uma esquadra nas proximidades. “Carta” contactou o Ministério da Educação, através da porta-voz da instituição, mas esta declinou falar do assunto. (Marta Afonso)