Os novos preços de transporte urbano e interprovincial não mais entram em vigor hoje, primeiro de Dezembro de 2021, mas, sim, no dia 02 de Janeiro de 2022, disse ontem, à “Carta”, o Presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportes Rodoviários (FEMATRO), Castigo Nhamane.
“Nós fizemos a proposta há um mês, submetemos ao Governo, conforme a lei manda (o sector privado propõe e o Governo analisa e faz a devida aprovação). Entretanto, hoje [ontem], recebi um documento, segundo o qual o nosso pedido foi analisado, mas será aprovado no dia 15 de Dezembro de 2021 e entrará em vigor no dia 02 de Janeiro de 2022”, afirmou Nhamane.
As Associações de transporte terrestre tinham decidido, na última segunda-feira, começar a aplicar os novos preços a partir de hoje, 01 de Dezembro de 2021, mas, face ao adiamento, o Presidente da FEMATRO apelou aos operadores a não desobediência à medida.
“Quero, através deste meio de comunicação social, apelar aos meus colegas para acatar a orientação do Governo. Eu já mandei para todas as plataformas dos associados, o documento do Governo que transmite essa orientação. Sei que isto pode criar descontentamento, mas apelo à calma e paciência durante mais um mês”, disse Nhamane.
Dados a que “Carta” teve acesso indicam que os operadores de transporte, que ligam as Cidades de Maputo e Matola e vice-versa, pretendem reajustar a tarifa em 3 Meticais. Por sua vez, a Associação dos Transportadores Rodoviários da Cidade de Maputo determinou que, em distâncias até 10 km, a tarifa será de 12 Meticais e 15 para percursos de até 18 km.
A FEMATRO determinou que, para os transportadores de longo curso (interprovinciais), o reajuste será de 2 Meticais por cada km. Por exemplo, de Maputo à cidade de Vilankulo (725 km), o passageiro passará a pagar 1.400 Meticais, contra os actuais 1.000 Meticais, um aumento de quase 50%.
Irá o reajuste acabar com o encurtamento de rotas/“ligações”?
A subida do preço do transporte deveria justamente ser acompanhada por bons serviços da classe, pois, nos últimos anos, tem-se vivido, na zona urbana, o encurtamento de rotas e as chamadas “ligações”, facto que mancha o sector. Daí que questionamos o Presidente da FEMATRO se o reajuste irá acabar com o encurtamento de rotas e as “ligações”.
Em conversa telefónica, o Presidente da FEMATRO não respondeu a nossa questão. Limitou-se a repudiar o facto, afirmando que quem pratica aqueles actos está a prevaricar e deve ser exemplarmente responsabilizado.
“O encurtamento de rotas é uma indisciplina. Em nenhum momento nós assumimos que o encurtamento é para resolver o problema da tarifa. Reunimos recentemente com o Município de Maputo e essas questões foram levantadas. Nós assumimos. A polícia municipal prometeu fiscalizar e disponibilizou linhas verdes para a denúncia, porque esses actos são puníveis. Nós, como federação, nunca compactuamos com isso”.
Os operadores justificam o reajuste do preço de transporte com o encarecimento de combustíveis e elevados custos de manutenções de peças, sobressalentes, pneus e demais consumíveis daqueles meios cujos preços sobem a cada ano, desde 2015, ano em que foi aprovado o último reajuste do preço do transporte de passageiros. (E. Chilingue e M. Afonso)