A Polícia da República de Moçambique lançou ontem a formação de uma força mista para responder aos raptos e ao terrorismo no país, um grupo de oficiais que será capacitado por especialistas ruandeses.
“Este regimento foi concebido pela Polícia da República de Moçambique para responder aos atuais desafios que o país enfrenta”, declarou o comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael, durante o lançamento da formação em Maputo.
A formação, que será ministrada por especialistas ruandeses, tem duração de seis meses e, além dos raptos e do terrorismo, a força será capaz de fazer face ao tráfico de drogas e de seres humanos.
“Os raptos criam terror nas famílias, sobretudo na classe empresarial, e afastam o investimento e desenvolvimento no nosso país. Por isso, o combate aos raptos, assim como o terrorismo, tem de ser da mesma maneira. Temos de descobrir o terrorista antes que ele entre no nosso país”, acrescentou Bernardino Rafael.
O plano de formação deste grupo inclui aulas de contra-inteligência, algumas das quais a serem ministradas fora do país.
“Estamos cientes de que o fruto desta formação não vai surgir em seis meses, mas o importante é estarmos preparados para o futuro”, frisou o comandante-geral da polícia moçambicana.
As principais capitais provinciais moçambicanas têm estado a enfrentar uma onda de raptos, cujas vítimas são na maioria empresários e seus familiares.
A situação levou a Confederação das Associações Económicas de Moçambique, a maior entidade patronal do país, a exigir mecanismos concretos para travar a onda de raptos, disponibilizando-se para apoiar o Governo materialmente para melhorar a eficiência das autoridades no combate aos crimes.
Por outro lado, desde 2017, um dos principais desafios dos setores da Defesa e Segurança em Moçambique é a insurgência armada em Cabo Delgado, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A ofensiva das tropas governamentais ganhou vigor em julho, com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitindo aumentar a segurança e recuperar várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.
O conflito em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.