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segunda-feira, 08 novembro 2021 06:55

Marracuene-Manhiça: um autêntico corredor de morte em Maputo

Os distritos de Marracuene e Manhiça são um autêntico corredor de morte, na província de Maputo. Até parece que as inicias “M” nos nomes é que amaldiçoam as zonas. Entretanto, unindo esforços, o Governo, cidadãos e religião podem reverter o cenário em menos de três meses, desde que haja vontade, fé e acções.

 

O apelido de corredor de morte não surge na sequência do último acidente, havido sábado passado, que causou 17 mortes e sete feridos, num embate entre duas viaturas (uma particular e outra de transporte público) na Manhiça.

 

O troço de cerca de 60 km não é corredor de morte após o fatídico acidente da história do país, ocorrido no Posto Administrativo da Maluana (Manhiça), tendo ceifado a vida a 32 pessoas e causado ferimento a outras 40.

 

Aquele trajecto da Estrada Nacional Número 1 (EN1) é tido como corredor de morte após vários acidentes que acontecem no distrito de Marracuene. O destaque vai para dois acidentes ocorridos a 02 de Setembro de 2020. Dos acidentes, houve registo de morte de uma pessoa, ferimento cinco pessoas, das quais três gravemente.

 

Como se pode depreender, o troço Marracuene-Manhiça é um autêntico corredor de morte por acidentes. De acordo com relatórios de alguns acidentes, o homem tem sido apontado como o principal factor. Ainda assim, sabe-se que as condições das estradas têm também cota-parte.

 

Face à realidade, “Carta” dirige ao Governo, cidadãos e igrejas perguntas abertas: uma vez sobejamente sabido que aquela zona é mortífera, o que o Governo, concretamente o Ministério dos Transportes e Comunicações, já fez para reverter o cenário? Se a estratégia de demissão de gestores não funciona, a que outro mecanismo se pode recorrer? Em coordenação com o Ministério do Interior, não é possível reforçar-se brigadas da polícia de trânsito, instalando uma equipa em cada 5km? Não haveria cabimento no Orçamento do Estado, dos 450 biliões e Meticais de despesas do Governo para 2022, para tais brigadas, em prol da vida do cidadão?

 

Ao Governo de Maputo, em que medida serão reforçadas as brigadas da polícia de trânsito e retomada a medição do álcool? Quando é que essas medidas terão efeito desejado?

 

Além do Governo, chama-se à responsabilidade o cidadão. Aliás, é o principal actor. Alguns automobilistas conduzem na via como se estivessem numa pista de Fórmula 1. Alguns automobilistas ainda dirigem como se fossem actores do filme “Fast and Furious 7”, (velozes e furiosos) em que no final Wiz Kalifa canta “See You Again” (ver-te de novo); uma garantia de reencontro que no troço mortífero é raro de se ouvir.

 

Diante da realidade que se vive naquele trajecto, não seria tempo de o condutor chamar à consciência a necessidade de maior prudência? Será que as mortes não seriam motivo para não conduzir sob efeito de álcool?

 

Perante a frequência de acidentes entre Marracuene e Manhiça, ao sector religioso, não seria tempo de desencadear campanhas de sensibilização dos fiéis para o respeito pela vida humana nas estradas?

 

Enfim, se o Governo, os automobilistas e a religião conjugarem esforços podem reverter o cenário em poucos meses, desde que haja vontade, fé e acções concretas. (Evaristo Chilingue)

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