Com cerca de 63 mil habitantes, de acordo com os dados do Censo da População e Habitação de 2017, o distrito de Mecúfi, localizado na região sul da província de Cabo Delgado, continua a clamar por serviços básicos de saúde.
Dados avançados pela Direcção Provincial de Saúde de Cabo Delgado indicam que o distrito conta apenas com quatro unidades sanitárias, sendo que o rácio habitante/unidade sanitária é de 16 mil pessoas por cada unidade sanitária, estando acima do recomendável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 10 mil habitantes por cada unidade sanitária.
Os dados foram avançados esta quarta-feira durante o lançamento da primeira pedra para a construção de uma maternidade, na aldeia 3 de Fevereiro, no Posto Administrativo de Murebue. Trata-se de uma infra-estrutura avaliada em cerca de 6 milhões de Meticais, doados pelo Governo japonês, sendo que a implementação está a cargo da Fundação MASC (Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil).
Segundo o Governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, o empreendimento irá beneficiar pouco mais de 4.253 habitantes das aldeias de Natuco, Nahavara, Djawa e 3 de Fevereiro. Explicou que a escolha de 3 de Fevereiro deveu-se ao facto de aquela aldeia ter suas vias de acesso deficitárias, sendo que no período chuvoso tornam-se intransitáveis, impossibilitando a rápida transferência dos pacientes para as unidades sanitárias de referência.
Com entrada em funcionamento, em Janeiro próximo, daquela maternidade, o Director Provincial da Saúde de Cabo Delgado acredita que o rácio habitante/unidade sanitária irá reduzir para 12 mil habitantes por cada unidade sanitária. Aliás, refere que, embora grande parte dos serviços estejam ligados à saúde materno-infantil, a maternidade vai ser operacionalizada para atender às doenças gerais.
Para o Administrador de Mecúfi, Ambasse Aly, trata-se de um centro de saúde que irá ajudar milhares de cidadãos, que outrora percorriam mais de 10 Km para ter cuidados básicos de saúde.
“As nossas mulheres, muitas delas, tiveram vários momentos tristes e, hoje, o Governo da província de Cabo Delgado tomou dianteira de resolver este problema”, afirmou o governante.
Por seu turno, a Fundação MASC agradece à Embaixada do Japão por ter visto nela um actor relevante para implementação desta iniciativa que “vai, sem dúvida, contribuir enormemente para a melhoria dos serviços materno-infantis” para a população daquelas aldeias.
“Queremos igualmente renovar os nossos agradecimentos ao Governo da província de Cabo Delgado pela abertura consequente que tem demonstrado em relação à Fundação MASC e aos seus parceiros, o que tem contribuído positivamente para realizarmos em vários pontos da província diversas acções, como a título de exemplo, a implementação das iniciativas incubadora cívica, grupos de poupança, apoio aos deslocados entre outras”, sublinhou Maura Martins, Gestora de Desenvolvimento de Capacidades da organização.
Segundo Martins, mais do que uma Fundação de disponibilização de subvenções e de desenvolvimento de capacidade que se foca em questões de governação, a Fundação MASC é também uma agência de desenvolvimento socioeconómico. (Carta)