Há grandes probabilidades de a fome aumentar nos próximos meses, em Moçambique, de acordo com as previsões feitas recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU). As tempestades tropicais, os ciclones, a crise causada pela pandemia do novo coronavírus e a insegurança na província de Cabo Delgado são apontados como os principais factores que podem agudizar a situação alimentar no país.
No total, 2.9 milhões de pessoas poderão estar em situação de insegurança alimentar, em Moçambique, neste ano, cerca de 17% acima da média de cinco anos, conforme os cálculos realizados pelas agências da ONU.
“Os desafios económicos por causa da Covid-19, condições de crédito e redução da actividade empresarial são outros empecilhos no caminho”, sublinha a fonte, prevendo ainda o aumento do preço dos alimentos.
Em seu mais recente relatório, que retrata a situação da fome e miséria no mundo, a ONU afirma que os desastres naturais causaram deslocados, para além de terem destruído diversas infra-estruturas. “100.000 Hectares de terras cultivadas foram afectados. Nas províncias do sul de Moçambique, os agricultores não tiveram sementes suficientes para uma segunda temporada”, realça a organização.
“Em Cabo Delgado, a violência abrandou em Janeiro e Fevereiro, mas deve-se intensificar com o fim da estação das chuvas este mês, aumentando o número de deslocados, que estava em 668 mil no final do ano passado”, acrescenta.
Refira-se que, de acordo com a ONU, mais 19 países, em todo o mundo, poderão enfrentar uma fome aguda nos próximos meses e, para reverter esta situação, são necessários 5,5 biliões de USD. (Marta Afonso)