Depois de, no último domingo, “Carta” ter trazido algumas evidências de que alguns médicos, enfermeiros e assistentes da saúde têm estado a trabalhar desprotegidos em meio a uma pandemia que assola o mundo e que, só em Moçambique, já infectou oito indivíduos, dos 223 suspeitos, o sector da saúde veio, esta segunda-feira, dar a sua explicação.
“O ideal seria que, em todas as unidades sanitárias, tivéssemos material de protecção e é o que queremos fazer. Neste momento, recebemos material de protecção que estamos a distribuir e esse material será priorizado àquelas pessoas que trabalharem directamente com pessoas com suspeita de coronavírus”, disse a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, no início da sua explicação, quando abordada pela nossa reportagem acerca do cenário testemunhado pelo Jornal, nas maiores unidades sanitárias da cidade de Maputo e do país.
“Carta”, lembre-se, fez uma ronda pelos Hospitais Gerais de Mavalane, José Macamo e pelo Hospital Central de Maputo (HCM), onde constatou que, em diversos departamentos, era possível verificar que alguns funcionários da saúde não traziam máscaras, luvas e, em alguns casos, falta de cuidado em desinfectar as mãos antes e/ou depois de atender os pacientes.
“O que vamos fazer é a instalação de uma entrada nas unidades sanitárias e vamos colocar pessoas completamente equipadas para fazer o rastreio e todo aquele que, clinicamente, se chegar à conclusão de que se trata de alguém que está, possivelmente, com coronavírus, vai ser orientado para uma unidade sanitária dedicada para este tipo de doentes. Mas se se chegar à conclusão clínica de que não se trata de coronavírus, mas sim de uma infecção que pode ser uma pneumonia normal, então, estes vão para outros locais que talvez, pela quantidade de material que temos, nestes casos, nem todas as pessoas terão de estar completamente equipadas”, explicou Rosa Marlene. Contudo, Marlene afirmou que o sector da saúde vai garantir que os que estiverem na linha da frente, a ver os pacientes com sintomas do coronavírus, estejam completamente protegidos.
Questionada sobre a existência ou não de equipamento suficiente para a protecção dos médicos, Marlene respondeu: “não há equipamento suficiente, no sentido de que há pessoas que não estão expostas e não estão em alto risco de se infectar, através dos doentes. Mas, aquelas pessoas que lidam directamente com os pacientes suspeitos, como por exemplo as pessoas que atendem os doentes para fazer a triagem, estão equipados e os que também vão atender estarão equipados e os equipamentos que temos são diferenciados consoante o nível de risco a que as pessoas estão expostas”, acrescentou. (Marta Afonso)