Cidadãos mostram-se estar em pânico e procuram, a todo o custo, reforçar as medidas de prevenção e de segurança (nas suas residências), desde que foi anunciado o primeiro caso de coronavírus, em Moçambique, no último domingo, 22 de Março.
Até esta segunda-feira, Moçambique tinha apenas um caso confirmado de infecção pelo novo coronavírus, dos 55 suspeitos. Embora as autoridades de saúde garantam que se trata de um caso com sintomatologias leves e que não necessita de internamento, o medo e a aflição aumentaram. A pandemia, lembre-se, já atingiu mais de 185 países, tendo causado mais de 13 mil mortes, em mais de 300 mil infectados.
Por se tratar de uma doença altamente contagiosa e que já “paralisou” o mundo, “Carta” saiu à rua para medir o pulsar dos moçambicanos em relação à doença. De entre vários assuntos abordados, nossa maior preocupação era perceber como foi recebida a notícia (sobre o primeiro caso confirmado no país) e se as pessoas estavam a implementar as medidas anunciadas pelo Governo, assim como seguir os apelos das autoridades de saúde.
Pedro Jaime, de 31 anos de idade, pai de três filhos, residente na cidade de Maputo, disse à “Carta”, que recebeu a informação pelas redes sociais e, para ele, foi muito doloroso, pelo que, resolveu reforçar as medidas de segurança.
“Eu aconselhei a minha família a louvar a Deus, em primeiro lugar, e quanto às medidas tomadas pelo Governo considero positivas. Eu estou a fazer de tudo para que meus filhos não saiam à rua, quando saio de casa, tranco o portão e coloco alguém para controlar as crianças, garantiu a fonte.
Por sua vez, Maria Lucinda de Abreu, de 48 anos de idade, residente na Matola, confirmou ter acompanhado o anúncio do primeiro caso do coronavírus num dos canais televisivos. “Depois de receber a notícia não consegui dormir. A noite de domingo tornou-se longa e quando amanheceu tinha esperança de ouvir alguém, dizendo que era tudo mentira. Mas, quando percebi que se tratava da verdade, ao sair de casa hoje [segunda-feira] tranquei os miúdos dentro de casa com cadeado e proibi a entrada de crianças vizinhas para reforçar as medidas do Presidente da República”, afirmou.
Por seu Turno, Alfredo Guilamba, de 39 anos de idade, que diz ter acompanhado a “novidade”, através da rádio, na manhã de ontem, explicou: “Já era de se esperar que a qualquer momento a doença pudesse chegar, em Moçambique. Se até em países onde a segurança e o nível de desenvolvimento é maior, a doença chegou, imagine num país como nosso, onde as medidas de segurança são bastante fracas”, referiu.
Já Marta Massango, de 58 anos de idade, disse não ter ficado assustada porque já estava escrito na bíblia. “Eu vi no apocalipse, na bíblia que isso vai acontecer e a medida que eu tomei, imediatamente, foi orar para Deus, no sentido de quando a doença chegar não me contaminar e eu não temo a nada. Aconselhei meus filhos a não saírem de casa, preparei água apropriada para as crianças beberem e expliquei sobre todos os procedimentos que devem seguir, quando forem à casa de banho”, explicou.
Por seu turno, Valério Cossa, de 29 anos de idade, criticou a forma como as autoridades da saúde estão a divulgar o caso: “É bastante complicado, quando o Ministro da Saúde diz que já temos um caso confirmado de coronavírus, mas não diz onde a pessoa se encontra. Nos noticiários de outros países, pelo menos dizem em que parte a pessoa está para que as pessoas que estiverem nas proximidades se possam precaver. Assim, começo a acreditar naquelas teorias de que existem muitos casos e estão a esconder”, defendeu o cidadão.
Refira-se que, na tarde de ontem, o Ministério da Saúde revelou que o primeiro caso positivo de Covid-19 é de um cidadão, residente na cidade de Maputo e que teve contacto com mais 23 pessoas, que também estão em observação médica. Por sua vez, o Ministro da Saúde disse, na manhã desta segunda-feira, que a identidade do moçambicano que acusou positivo no exame de Covid-19 não pode ser revelada devido à questão de confidencialidade médica. (Marta Afonso)