A Comissão de Inquérito, criada para averiguar as causas da queda das condutas adutoras em Campoane, no distrito de Boane, província de Maputo, no passado dia 07 de Fevereiro, apontou a deficiente manutenção, esgotamento da capacidade resistente da estrutura de suporte e o estado de conservação geral da estrutura (que dizem ser mau), como estando na origem da queda daquela infra-estrutura.
A Comissão era constituída por um Engenheiro Civil Hidráulico, Inspector-geral de Obras Públicas e os Engenheiros Civis do Laboratório de Engenharia Civil e da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
Segundo Américo Dimande, do Laboratório de Engenharia Civil, as obras daquele porte precisam de uma manutenção regular a cada cinco anos, mas para o caso daquela infra-estrutura, há dez (10) anos que não beneficia dos serviços de manutenção.
Francisco Ricardo, Engenheiro Civil da UEM, avançou, aliás, haver necessidade de se realizar obras urgentes naquele local para que não haja novas interrupções de água nos próximos dias. Em estado elevado de degradação, avança a fonte, estão os parafusos de ligação, chapas de gusset, braçadeiras das condutas, juntas de desmontagem das condutas, entre outros.
Durante a apresentação do relatório, Francisco Ricardo referiu que o início das intervenções deve ser especificado com urgência, devendo ser também especificada a necessidade de um Projecto de reforço/reabilitação ou mesmo de reconstrução.
Ricardo disse ainda que no local das obras não foram encontradas evidências de situações excepcionais do ponto de vista de funcionamento hidráulico do sistema. Entretanto, a fonte explicou que deve haver uma reabilitação integral da estrutura para restabelecer a sua capacidade resistente.
“A infra-estrutura em questão demonstra fragilidade em toda a sua extensão, pelo que a reabilitação aqui proposta deve necessariamente abranger todos os seus elementos, incluindo os encontros. Esta reabilitação deve incluir uma análise profunda do estado da infra-estrutura e a avaliação minuciosa da necessidade de construção de uma nova infra-estrutura. Esta análise do estado da infra-estrutura e a tomada de decisão sobre o tipo de intervenção a realizar é de carácter urgente, pois, a probabilidade de ocorrência de um acidente idêntico é grande”, esclareceu.
Ricardo acrescentou ainda que trabalho idêntico deve ser realizado para o atravessamento da conduta de 800mm e ao longo de todo este meio de transporte de água até aos centros distribuidores, especialmente nos locais onde o lançamento da conduta é à superfície.
Portanto, a questão da falta de manutenção preventiva foi considerada como um assunto grave. Daí recomenda-se que, independentemente da intervenção a ser realizada, a entidade gestora deve desenvolver um plano de manutenção compreensivo e assegurar a sua implementação com o rigor necessário. (Marta Afonso)