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quarta-feira, 05 fevereiro 2020 07:06

“Vuku-vuku” em Quelimane: “balas e gás lacrimogénio levam manifestantes ao hospital” e PRM diz que “usou formas adequadas para repor a ordem"

Parecia um dia normal para os munícipes e simpatizantes do Partido Renamo, na Cidade de Quelimane, Província da Zambézia, uma vez que se celebrava o dia 03 de Fevereiro, dia dos Heróis Nacionais e que serve para lembrar a morte de Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frelimo e arquitecto da unidade nacional, morto em Dar-es-Salam, na República da Tanzânia, em 1969.

 

Entretanto, na manhã desta segunda-feira, 03, uma marcha liderada pelo edil da Cidade de Quelimane, Manuel de Araújo, foi interrompida quando a Polícia da República de Moçambique (PRM) atirou gás lacrimogénio e tiros para a viatura protocolar do autarca da terra dos Bons Sinais, tendo causado vítimas humanas e danos materiais. Na ocasião, duas mulheres foram atingidas, sendo uma delas de 22 anos de idade, que foi evacuada para o Hospital Geral de Quelimane, em consequência da intoxicação por gás lacrimogénio.

 

Segundo um comunicado publicado na página do Facebook do Conselho Autárquico da Cidade de Quelimane (CACM), esta segunda-feira: “a marcha seguia pelas diversas artérias da cidade quando, na Av. Julius Nyerere, a polícia iniciou a sua incursão dispersando milhares de munícipes que tinham como destino a Praça da Paz, onde seria depositada mais uma coroa de flores.

 

No comunicado em alusão, o CACM diz que visavam exaltar não só os heróis popularmente conhecidos, como também os que deram a sua vida em anonimato para estabelecimento da paz e democracia em Moçambique. Contrariamente à versão exposta pelo município, Sidner Londzo, Porta-voz da PRM na Zambézia, disse, em entrevista telefónica à “Carta”, que a marcha não teve informação prévia conforme manda a Lei.

 

Londzo explicou que, mesmo com a falta de informação antecipada, “em nome das boas relações existentes entre a PRM e o CACM, deixaram que a mesma acontecesse uma vez que o representante do grupo, o edil Manuel de Araújo, informara que a marcha tinha como destino a sede do Partido Renamo, em Quelimane. Entretanto, esta situação não se verificou já que o grupo continuou a marchar por várias avenidas, criando congestionamento e impedindo que os outros cidadãos da urbe circulassem”.

 

Sidner Londzo disse que, face a situação, a PRM teve de usar “as formas mais adequadas para repor a ordem”. Questionado pela nossa reportagem sobre a existência de feridos, Londzo respondeu que não tiveram esta informação, mas aventou a possibilidade de haver alguns feridos, pois, em situações do género, há sempre quem sofre por se encontrarem várias pessoas aglomeradas.

 

O Porta-voz exortou para que, das próximas vezes, as pessoas não se deixassem levar pelas emoções e deplorou o facto de, nas referidas marchas, fazerem parte crianças e idosos. Londzo pediu que as pessoas não seguissem grupos de género para evitar situações de violência.

 

Salientar que a Cidade de Quelimane tem sido epicentro de constantes repreensões às marchas organizadas pelos membros dos Partidos Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), levando em algumas ocasiões a detenções e lançamento de gás lacrimogénio, assim como uso de balas de borrachas e, noutras vezes, balas reais. (O.O)

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