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quinta-feira, 21 novembro 2019 06:31

Democratização em Moçambique: Adriano Nuvunga defende uma contínua "domesticação" do cidadão

Adriano Nuvunga, Director do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD)

O académico e Director do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, defende a necessidade de uma contínua “domesticação” do processo de democratização do povo moçambicano, assim como a formação da juventude, de modo a que ela compreenda que o desenvolvimento inclusivo é possível, no país.

 

Falando numa conferência sobre “Responsabilidade Social – O Caminho para uma Mudança Transformadora e Democrática em Moçambique”, realizada esta terça-feira, 19 de Novembro, em Maputo, e organizada pelo Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), Nuvunga disse que a democratização, em Moçambique, foi iniciada e gerida pelas elites, na confrontação entre a Frelimo e a Renamo, pelo que, não foi um processo iniciado pelos cidadãos.

 

Explicou que a democratização foi construída para ser um processo de elites e não de empoderamento e, por esta razão, há facilidades na manipulação do recenseamento eleitoral, exclusão de um candidato que concorre as eleições e simplicidade para manipular e viciar o processo eleitoral.

 

Dissertando sobre a descentralização, o académico referiu que, neste processo, os princípios do poder do povo não caem em terra e que o entendimento que se tem é, na verdade, de que a democratização, em Moçambique, teve que ser iniciada para acomodar o poder e não para permitir que a cidadania fosse "empoderada" e estivesse a frente do processo de governação do país.

 

“A forma como se usa a violência e a intimidação, neste país, é justamente para dizer aos cidadãos que não podem e nem devem falar, visto que, a democracia é apenas para a Frelimo se confrontar com a Renamo e não um processo ou um espaço, onde o povo decide quem deve governar”, considera a fonte.

 

Comentando sobre a responsabilização social, em Moçambique, o Director do CDD disse que ainda está aquém do desejado, visto que o contexto actual olha para o processo como um instrumento democrático e não como um instrumento de verificação de contas, sobretudo olhando para aquilo que é a participação eleitoral.

 

“Se olharmos para o indicador de participação eleitoral, como sendo o instrumento de medição do desenvolvimento democrático, vamos compreender claramente que na última década, a responsabilização social não empoderou os cidadãos o bastante para ganharem confiança pública e participarem da democracia”, anotou.

 

Nuvunga disse ainda que, a olhar pelos resultados eleitorais destas últimas eleições, e analisando aquilo que se ouve em toda região, em particular na Tanzânia, esta ideia de terceiro mandato está a emergir e o entendimento de que os recursos naturais, em particular, da bacia do Rovuma, entre outros, vem substituir aquilo que era fonte de financiamento através dos parceiros de cooperação e isso, em África, conduziu a autoritarismo. (Marta Afonso)

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