O arguido falava, de novo, como testemunha num tribunal de Nova Iorque, durante o julgamento de Jean Boustani, quando estava a ser interrogado pelo advogado deste.
O caso refere-se a um esquema de corrupção em que três empresas detidas pelo Estado de Moçambique assumiram créditos e empréstimos no valor de mais de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) sem revelar ao Governo, investidores internacionais ou entidades financeiras como o Fundo Monetário Internacional.
O principal arguido do processo é Jean Boustani, vendedor de embarcações da empresa Privinvest, que terá fornecido materiais e navios à empresa Proindicus, como parte de um projeto de vigilância costeira em Moçambique. O diretor financeiro da Privinvest, Najib Alam, também é arguido.
Questionado pelo advogado de Jean Boustani se “cooperar com a Justiça foi a melhor forma de evitar prisão”, Andrew Pearse respondeu negativamente.
“Não, não acredito que vou evitar a prisão”, acrescentou, referindo acreditar, contudo, que os procuradores norte-americanos escrevam uma carta ao juiz para defender que a pena seja atenuada, por ter dado um testemunho sem mentiras.
Depois de mais uma pergunta do advogado a insistir na mesma questão, o juiz proibiu qualquer conversa sobre a pena, porque a decisão dependia apenas do tribunal.
Pearse, acusado de quatro crimes, deu-se como culpado de um só crime, o de conspiração para cometer fraude monetária eletrónica, e inocente dos crimes de branqueamento de capitais, de fraude no investimento de valores mobiliários e de conspiração para cometer suborno.
Na semana passada, Andrew Pearse declarou ter recebido 45 milhões de dólares em pagamentos ilícitos pela sua participação no esquema fraudulento das chamadas “dívidas ocultas” de Moçambique. (Lusa)