Vinte e quatro horas depois dos deficientes terem reclamado a sua exclusão do processo de votação, pela falta de condições para exercerem o seu direito cívico de forma livre, secreta e sem nenhum auxiliar, o partido Frelimo, a nível da cidade de Maputo, reuniu-se, com a Associação de Deficientes Moçambicanos (ADEMO), a fim de auscultar as suas preocupações e incluí-las no Plano Quinquenal do Governo para assegurar a sua inserção económica, social e política, caso ganhe as eleições.
No encontro, que teve lugar em Maputo e que contou com cerca de 60 participantes, entre deficientes, membros daquele partido, organizações da sociedade civil, a Frelimo foi confrontada com as mesmas questões, com destaque para a inclusão desta camada social na tomada de decisões que lhes diz respeito.
Entre as várias medidas propostas pelos membros da ADEMO está, por exemplo, a criação de uma Lei que permite a integração da pessoa deficiente na função pública. Farida Gulamo, da ADEMO, defende, por exemplo, a inclusão de pessoas deficientes na alocação dos fundos públicos criação de auto-emprego, como é caso do Fundo de Desenvolvimento Distrital, vulgarmente conhecido por “sete milhões”.
Gulamo pede também para que no próximo recenseamento geral da população se faça a devida contabilização das pessoas portadoras de deficiência, pois, na sua óptica, os actuais dados não são verdadeiros.
“O último recenseamento geral da população fala de 727.000 pessoas deficientes, enquanto os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) falam de 15 por cento da população, mas, mesmo assim, acreditamos que não são conhecidos os dados reais”, disse a fonte.
Na auscultação, que durou quase uma hora e meia, a ADEMO propôs ainda a oficialização da língua de sinais. João Magaia, do Fórum das Associações Moçambicanas dos Deficientes (FAMOD) exige igualmente que o próximo Governo negoceie com as associações dos transportes semi-colectivos para que incluam a questão da responsabilidade social nas suas actividades, de modo a isentar alguns deficientes de pagar o transporte.
Por seu turno, o Director do FAMOD, Cantol Pondja, aponta como uma das grandes preocupações deste grupo social a criação de um departamento para a apresentação das suas preocupações. “Exigimos que seja criado um centro para albergar pessoas com deficiência, para que estas possam fazer diferentes tipos de trabalhos”, acrescentou Pondja.
A fonte sublinha ainda a necessidade de esta camada social aceder, gratuitamente, aos meios de compensação, tais como cadeiras de roda, muletas, próteses auditivas, óculos de vista, devido ao elevado custo para sua aquisição nas farmácias privadas.
Falando em nome da Frelimo, a deputada Esmeralda Mutemba disse concordar com várias posições manifestadas pelos deficientes, entretanto, garantiu que todos os pontos serão tomados em conta na elaboração do Plano Quinquenal de 2020-2024, caso Filipe Nyusi ganhe o escrutínio do próximo dia 15 de Outubro. (Marta Afonso)