Ainda continua em alta o “saque” chinês aos recursos florestais nacionais, com colaboração de cidadãos nacionais, incluindo autoridades fiscalizadoras, que facilitam as operações furtivas destes “criminosos”.
Há sensivelmente 15 dias, concretamente a 28 de Agosto, uma equipa da “Carta” esteve no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, onde se deparou com uma viatura pesada de mercadoria, de marca Mitsubishi Fuso, com chapa de matrícula MQB 35-51, pertencente a uma empresa denominada Song Li Madeiras Lda., de um cidadão chinês, transportando madeira da aldeia de Ntele para a vila-sede daquele distrito.
À “Carta”, fontes disseram que a viatura tinha sido alegadamente alugada aos furtivos para o transporte daquela madeira, porém, a nossa reportagem apurou que os furtivos tinham sido pagos pela empresa chinesa para explorarem ilegalmente aquele recurso florestal.
A Song Li Madeiras Lda., conforme aferimos, é uma empresa legalmente registada e autorizada para a compra, processamento e exportação da madeira, mas não para o seu corte, pelo que a empresa chinesa recorre aos exploradores furtivos para adquiri-la.
Na referida viatura, seguiam 12 pessoas e, de acordo com as fontes, oito eram furtivos (jovens), dois supostos patrões dos furtivos e os restantes alegados mandatários dos chineses, incluindo um chinês. Os furtivos, segundo averiguamos, recebiam 350 Mts cada para realizar o trabalho.
Durante o percurso, a “Carta”, que teve a oportunidade de acompanhar a operação de perto, constatou que a via escolhida para o transporte da madeira, de espécie chanfuta, não tinha controlo e a descarga da “mercadoria” foi efectuada por volta das 23 horas, para não despertar atenção. A nossa reportagem testemunhou também um episódio caricato, em que um dos jovens furtivos caiu da viatura e não foi socorrido.
Alguns funcionários dos Serviços Distritais de Actividades Económicas de Montepuez revelam que a exploração ilegal da madeira tornou-se numa actividade “normal”, pois, os furtivos têm protecção de alguns dirigentes do sector. Alguns dirigentes, em particular do sector da fiscalização, garantem as fontes, chegam a efectuar supostas fiscalizações nocturnas, em que toda a madeira supostamente apreendida é, imediatamente, libertada mediante pagamento de valores monetários ou trocas de favores com os furtivos.
Entretanto, apesar desta situação, a Procuradoria Distrital de Montepuez só tem, neste momento, cinco casos relacionados com a exploração ilegal de recursos florestais, alegadamente porque não existe comunicação intersectorial.
Conforme apurámos de fontes ligadas aos casos, o negócio da madeira envolve agentes da PRM, militares, fiscais e funcionários públicos, cujos grandes compradores são chineses e tailandeses, que lideram o business na província de Cabo Delgado”. (Carta)