O papa Francisco participou na passada quinta-feira (05) do encontro inter-religioso com a juventude. O encontro com a chamada “seiva da Nação” foi, na verdade, um momento de reflexão sobre o presente e futuro deste “grupo etário” tendo em conta os desafios que o país e o mundo atravessam.
E por ter sido desafiado a mostrar os caminhos que a juventude deve tomar tendo em conta as dinâmicas actuais, o Papa Francisco centrou a sua intervenção em dois aspectos centrais. A necessidade dos jovens não se “resignarem” e se deixarem tomar pela “ansiedade”.
“Como realizar os sonhos, como contribuir para a solução dos problemas do país? Gostaria de vos dizer: Não deixeis que vos roubem a alegria. Não deixeis de cantar e expressar-vos de acordo com todo o bem que aprendestes das vossas tradições. Que não vos roubem a alegria! Como vos disse, há muitas maneiras de olhar o horizonte, o mundo, o presente e o futuro. Mas é preciso acautelar-se de duas atitudes que matam os sonhos e a esperança: a resignação e a ansiedade”.
A “resignação” e “ansiedade” na visão do Santo Padre “são grandes inimigas da vida, porque normalmente nos impelem por um caminho fácil, mas de derrota; e a portagem que pedem para passar é muito cara… Paga-se com a própria felicidade e até com a própria vida. Certamente conheceis amigos, conhecidos – ou pode mesmo ter acontecido convosco – que, em momentos difíceis, dolorosos, quando parece que tudo lhes cai em cima, ficam prostrados na resignação. Podemos equivocar-nos mil vezes, mas não caiamos no erro de parar porque há coisas que não correram bem à primeira. O pior erro seria abandonar, por causa da ansiedade, os sonhos e a vontade de um país melhor”.
De seguida, o Bispo de Roma atirou: “é preciso estar muito atento, porque esta atitude (resignação) «faz com que te encaminhes pela estrada errada. Quando tudo parece estar parado e estagnante, quando os problemas pessoais nos preocupam, as dificuldades sociais não encontram as devidas respostas, não é bom dar-se por vencido» (Ibid., 141)”.
Maria de Lurdes Mutola (a menina de Ouro) e Eusébio da Silva Ferreira (o Pantera Negra), já falecido, foram os dois exemplos de fé, coragem e determinação trazidos pelo Papa Francisco como forma de apontar o caminho a ser seguido pela juventude.
No que respeita ao contributo para a construção da Nação, o Sumo Pontífice disse que os jovens devem sempre permanecer unidos, mesmo em situações que existam elementos que os possam dividir. A união, anotou o Santo Padre, é a trilha sábia, pois, o inverso apenas semearia a destruição desde o nível micro (família) até da Nação como um todo.
“Tu perguntavas-me: Como empenhar-se pelo país? Tal como estais a fazer agora, permanecendo unidos independentemente daquilo que vospossa diferenciar, procurando sempre a oportunidade de realizar os sonhos por um país melhor, mas… juntos. Como é importante não esquecer que «a inimizade social destrói. E uma família destrói-se pela inimizade. Um país destrói-se pela inimizade. O mundo destrói-se pela inimizade. E a inimizade maior é a guerra”, sentenciou. O encontro inter-religioso teve no lugar no Pavilhão do Maxaquene. O evento juntou jovens Hindus, Islâmicos, Cristãos, Católicos e não Católicos que, juntos pela mesma causa, socorreram-se da arte (dança, canto e poesia) para expressar o que lhes ia ao âmago. Paz e Reconciliação foi o principal clamor da juventude, tendo em conta a história recente do país.
Sobre a Paz e Reconciliação, a mais alta estrutura da Igreja Católica avançou que é um desafio de todos e que, não obstante a diferença de opinião e visão, toda a sociedade moçambicana é chamada a empenhar-se na materialização desse desiderato. (Carta)