A exoneração, na passada terça-feira, pelo Presidente da República, de Rosário Fernandes, da direcção máxima do Instituto Nacional de Estatística (INE), continua a causar indignação. Uns reagem em surdina e outros preferem dar a cara, em nome do que chamam de injustiça em relação à justiça.
Dos que criticam, publicamente, a decisão está a plataforma das Organizações da Sociedade Civil, denominada Votar Moçambique, que nesta quarta-feira emitiu uma nota de imprensa, afirmando solidarizar-se com o ex-Presidente do INE, assim como disse regozijar-se pela sua postura íntegra como servidor público.
Segundo o consórcio, constituído por seis organizações da Sociedade Civil, com a saída de Fernandes, a administração pública moçambicana “perde um líder comprometido e exemplar na construção do país”. Aliás, o consórcio entende ter sido um bom exemplo de idoneidade, ética, integridade e cometimento com a causa pública, o pedido de demissão apresentado pelo gestor, “depois de ter sido, publicamente, enxovalhado pelo Presidente da República, ao referir que quem não andasse em consonância com ditames da hierarquia seria ‘tirado como capim’”.
A plataforma, criada ano passado para fiscalizar as eleições autárquicas de 2018 e gerais de 2019, reitera ainda a necessidade de um esclarecimento aos polémicos números do recenseamento eleitoral, na província de Gaza. “É que os dados apresentados pelo STAE [Secretariado Técnico da Administração Eleitoral] continuam envoltos em suspeições, nada dignos aos desígnios de transparência requeridos, o que em si atenta contra a integridade e a credibilidade de todo o processo eleitoral. Igualmente, lamentam a recusa, pelos órgãos eleitorais, da realização de uma auditoria aos resultados do censo eleitoral em Gaza, crucial para o esclarecimento da opinião pública em relação a esta matéria”, sentencia o documento.
Referir que fazem parte da plataforma Votar Moçambique o Centro de Integridade Pública (CIP), Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), Fundação MASC (Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil), Fórum Nacional das Rádios Comunitárias, Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil e a WLSA Moçambique. (Carta)