Funcionários da Escola Internacional de Maputo, sobretudo os de nacionalidade moçambicana, exigem a demissão imediata do director Lukas Dominic Mkuti, na sequência da acusação a ele imputada de gestão arbitrária e discriminatória, com sistemáticos atrasos nos salários.
De acordo com um documento enviado à “Carta”, os trabalhadores moçambicanos denunciam que há vários meses têm enfrentado sistematicamente atrasos no pagamento dos seus salários, em flagrante violação dos direitos laborais consagrados na legislação moçambicana. Pelo contrário, os funcionários estrangeiros recebem os seus vencimentos pontualmente, sendo que os nacionais são obrigados a aguardar longos períodos, o que acaba gerando instabilidade financeira e social nas suas famílias.
Segundo o documento, o caso mais recente, por exemplo, ocorreu no mês de Novembro, em que passados mais de dez dias do início do mês de Dezembro a maioria dos trabalhadores moçambicanos ainda não tinha os seus salários reflectidos nas suas contas bancárias.
O grupo diz que a situação é agravada pela ausência de qualquer comunicação por parte do departamento de Recursos Humanos (RH) desta instituição, que opta pelo silêncio face às justas reivindicações dos trabalhadores.
Paralelamente a estes atrasos salariais, o director da escola é acusado de se dirigir aos funcionários de modo ostensivo e desrespeitoso, privilegiando os seus interesses pessoais em detrimento dos direitos dos trabalhadores.
No rol das acusações contra o director da escola, constam frequentes viagens de luxo em business class e gastos excessivos com os que o bajulam, viajando para a vizinha África do Sul acompanhado de mais duas a três pessoas (sempre com a chefe de Recursos Humanos) apenas para pedir cotação de materiais sem interesse para os alunos e professores, num momento em que os salários dos funcionários encontram-se em atraso.
O documento alude ainda que, nas várias tentativas de solucionar a crise, o director despreza-os e diz que ele é maconde, pelo que nada teme porque o Presidente da República o defende. “Podemos ir queixar onde quisermos que nada lhe vai acontecer”, refere o documento.
A Escola Internacional de Maputo está sob co-tutela do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) e do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC) cujo director foi indicado no princípio deste ano.
Entretanto, em Abril deste ano (2024), o director desta instituição já tinha sido acusado de gestão danosa e de transformar a escola em cenário de desespero e desesperança. No mês de Maio do presente ano, através de uma carta endereçada à Ministra da Educação, Carmelita Namashulua, também de etnia maconde, encarregados, alunos e funcionários denunciaram a arrogância, incompetência e má gestão de fundos de Mkuti.
“Carta” abordou telefonicamente a direcção daquele estabelecimento de ensino, tendo sido encaminhada à Chefe de RH sob a condição, entretanto, de que aguardássemos. Insistimos para que pudéssemos conseguir falar com a fonte, mas até ao fecho da nossa matéria aguardávamos por uma resposta da direcção. (Marta Afonso)