As manifestações populares contra a fraude eleitoral, sequestros, raptos e violência policial já ultrapassaram as fronteiras moçambicanas, estando também a decorrer em alguns países europeus, para além de serem manchetes das principais publicações do velho continente.
Para além de Lisboa, capital portuguesa, onde dezenas de moçambicanos já realizaram duas marchas de protesto contra a fraude eleitoral e violência que se vive em Moçambique, os protestos chegaram também a Bruxelas, na Bélgica, sede da União Europeia; Londres, capital inglesa; Paris, a capital francesa; e a cidade universitária de Coimbra, em Portugal.
Em todas estas cidades, dezenas de moçambicanos clamam pelo fim da violência policial, pelo respeito às liberdades individuais e pela reposição da verdade eleitoral. Empunhando dísticos com diversas mensagens, bandeiras e cascóis de Moçambique, os manifestantes vão gritando, em algumas ocasiões, “não ao assassinato do povo moçambicano”, em clara referência à brutalidade da Polícia nas manifestações, que já causaram mais de vinte mortos com balas da Polícia.
As manifestações que se verificam no estrangeiro contam também com apoio de cidadãos de outras nacionalidades, com destaque para angolanos que, nas suas palavras, Angola vive situações idênticas ao que se testemunha em Moçambique. Aliás, quatro activistas daquele país lusófono foram detidos pela Polícia, quando tentavam protestar em frente à embaixada moçambicana, em Luanda.
No entanto, enquanto em Moçambique e Angola, os protestos são rechaçados pela Polícia, em Portugal, Bélgica, França e Inglaterra, os manifestantes exteriorizam as suas opiniões sem ter de inalar o gás lacrimogéneo e muito menos ter medo de balas. A Polícia desses países se tem limitado apenas à protecção dos manifestantes.
Enquanto isso, os jornais estrangeiros não param de destacar Moçambique, pela negativa. O observador, editado em Portugal, fala, por exemplo, de um domingo de “caça às bruxas”, antevendo “mais violência”, em Moçambique.
Já a SIC Notícias criou uma categoria dedicada à violência em Moçambique, contendo mais de duas dezenas de textos retratando a situação que se vive, neste momento, no país. O jornal Expresso, também de Portugal, fala de “eleições contestadas, assassinatos e de pelo menos 30 mortos nas ruas” em Moçambique.
Refira-se que ontem o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane anunciou as medidas a serem implementadas na quarta e última fase das manifestações, que deverão durar perto de duas semanas. (Carta)