O jornalista Salomão Moyana e seis representantes da oposição, na CNE (Comissão Nacional de Eleições), votaram contra os resultados que dão à Frelimo 195 mandatos no Parlamento, contra 55 da oposição.
Os resultados foram aprovados com nove votos de representantes da Frelimo, incluindo o Presidente da CNE, Dom Carlos Matsinhe. A sessão, iniciada às 15h00 de ontem, só terminou às 8h00 desta manhã. É a segunda vez que Carlos Matsinhe vota favoravelmente pela aprovação dos resultados eleitorais fraudulentos. A primeira vez foi nas eleições autárquicas do ano passado.
Os seis representantes da oposição na CNE exigem a recontagem de votos nas Mesas onde se registaram discrepâncias de números; a requalificação dos votos nulos; e a anulação dos resultados eleitorais.
Os representantes da oposição na CNE apresentaram 10 argumentos para a não aprovação dos resultados das eleições de 9 de Outubro, dos quais os seguintes: a marginalização dos técnicos indicados pelos partidos da oposição nos STAE, a todos os níveis, sobretudo nos CPD, locais onde é feito o armazenamento de dados eleitorais; e o facto de a selecção dos MMV ter sido feita com base em listas fornecidas pelo partido Frelimo, operacionalizadas pelos directores distritais do STAE, em claro atropelo às normas eleitorais, o que contribuiu para a promoção da fraude no sistema eleitoral.
Igualmente, arrolaram a colocação tardia dos MMV da Renamo e do MDM, sendo que, em alguns casos, foram escorraçados pelos observadores do Conselho Nacional da Juventude, que se entendem ser elementos da Frelimo que circulam pelas Mesas dando ordens ilegais e fora do seu âmbito de observação eleitoral.
As irregularidades invocadas pelos vogais da oposição incluem também a circulação de boletins pré-votados e o enchimento de urnas com a conivência dos Presidentes de Mesas de Votos e dos directores do STAE; as discrepâncias significativas do número de votantes entre as três eleições: Presidencial, Parlamento e Assembleia Provincial; e a presença do número de eleitores acima dos inscritos nos cadernos eleitorais, sendo que o mais gritante se verificou em uma Mesa, em Harare, Zimbabwe, onde votaram 750 eleitorais, quando o caderno só tinha 595 eleitores inscritos.
Os vogais da oposição não votaram nos resultados apresentados esta tarde por Matsinhe devido também a ausência de mapas de centralização de resultados, Mesa por Mesa, ao nível dos distritos, e um número elevado de votos em branco e nulos, o que pode configurar falta de transparência no processo; devido a não verificação, pelo STAE, das dúvidas levantadas em plena sessão de apuramento com recurso aos meios informáticos; e pelo facto de os mandatários da oposição terem sido dispensados, durante a Assembleia Nacional, sem terem acompanhado a apresentação das actas que lhes dariam oportunidade de verificar as suas reclamações, submetidas anteriormente. (CIP Eleições/Carta)