Alguns Centros de Saúde nem estão a prestar o devido atendimento aos pacientes, na sequência da greve dos Profissionais de Saúde, que arrancou no dia 29 de abril, em todo o país.
Na última sexta-feira, Amélia João Nhamussua, que regressava com o seu bebé de colo, do Centro de Saúde do 25, no bairro do Siduava, contou que, enquanto o Governo não intervier, muitos pacientes vão morrer.
“Eu fui ao centro de saúde levar a minha filha que não se sentia bem, mas quando cheguei, encontrei vários profissionais sentados a conversar. Gritei pelo socorro e pedi que atendessem a minha filha e, em viva voz, disseram-me que o material está à minha disposição e que eu devia atender a minha filha pessoalmente”.
Por outro lado, Alda Mangue, que voltava do Centro de Saúde da Machava-Bedene, disse que não recebeu o devido atendimento porque estava muito cheio e os poucos médicos que estavam a atender aconselhavam os pacientes com casos leves a regressar para casa.
“Tenho dores nas costas, estou há dias a dormir com muitas dificuldades, mas acabei voltando para casa porque os hospitais estão um caos. Eu penso que se eles não nos querem atender, nem deviam sair das suas casas para os postos de trabalho. Inclusive deviam fechar os Hospitais para sabermos que não estão a funcionar”, disse.
De um modo geral, “Carta” apurou que vários Centros de Saúde na cidade e província de Maputo funcionam a meio gás, sobretudo aqueles que se encontram nas zonas suburbanas.
No Centro de Saúde de Bagamoyo, por exemplo, os pacientes queixavam-se de lentidão, longas horas de espera e incerteza quanto ao atendimento porque grande parte dos Profissionais de Saúde mostravam-se indiferentes e outros estavam numa conversa animada.
Entretanto, o Ministério da Saúde refere, em comunicado de imprensa, que não há motivos para paralisação das actividades, visto que o processo das negociações decorre a bom ritmo, descartando aparentemente buscar soluções para o problema que inquieta os pacientes.
“As negociações estão a decorrer, mas nós continuamos com o pé firme e só voltaremos a trabalhar quando tudo estiver resolvido e devidamente organizado”, disse o Presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM).
Prevê-se que a greve dos Profissionais de Saúde tenha a duração de 30 dias, podendo terminar antes caso o Governo resolva as inquietações da classe, ou mesmo ser prolongada por mais tempo no caso de não haver consenso. Neste momento, mais de 70 por cento dos profissionais aderiram à greve que decorre num ambiente de intimidações.
Lembre que a APSUSM exige, entre outras condições, material de trabalho, pagamento de horas extras e subsídio de turno, enquadramento definitivo dos profissionais no aparelho do Estado e aumento de subsídio de risco para 10 por cento. (M.A)