O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) constatou que houve prática de crimes de corrupção activa e passiva, fraude, abuso de cargo ou de funções e pagamento de remunerações indevidas na concepção dos livros da 5ª e 6ª classes.
De acordo com a nota divulgada esta segunda-feira (22), o GCCC instaurou um processo-crime a 10 arguidos em liberdade, mediante Termo de Identidade e Residência, dos quais nove funcionários do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) e uma empresa Editora. O processo de acusação contra os dez arguidos foi já remetido para o Tribunal Judicial da cidade de Maputo.
Foram igualmente extraídas cópias para a instauração de um processo autónomo com vista a prosseguir com as investigações dentro e fora do país relativamente a outros possíveis envolvidos. Até à data dos factos, os dez arguidos exerciam cargos de direcção e chefia, a vários níveis.
Ao processo juntou-se o relatório do inquérito realizado pela Inspecção da Administração Pública (IGAP) bem como os contratos celebrados entre o MINEDH e as empresas editoras. Constam igualmente do processo vários documentos e informações relevantes onde o GCCC constatou fortes indícios, passíveis de responsabilização, como é o caso de informações falsas que favoreceram a contratação de pessoas que não reuniam requisitos para coordenadores.
O Gabinete Central de Combate à Corrupção apurou ainda que foram contratados avaliadores de livros com violação dos procedimentos de contratação pública e entregues ofertas de presentes a funcionários do Ministério da Educação pelas empresas editoras durante a vigência dos contratos.
Lembre que o caso dos erros dos livros da 5ª e 6ª classe veio a público em meados de 2022, o que obrigou o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano a reestruturar o Conselho de Avaliação do Livro Escolar, com destaque para o afastamento da Directora Nacional do Ensino Primário, Gina Guibunda e do Director-Geral do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação, Ismael Nheze. Refira-se que, dentre os vários erros detectados num dos livros que acabou sendo retirado das escolas, estava a localização geográfica de Moçambique na África Oriental. (Carta)